Em ação caçador de Fake News

                                                                      
Segundo o argentino Ariel Kogan, diretor do Instituto Tecnologia & Equidade, que criou o recurso ao lado do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS).

“O principal objetivo da plataforma é informar as pessoas sobre com quem elas estão discutindo nas redes sociais”. O que é um robô na web e como ele pode influenciar o debate nas redes? Especialistas explicam

“A gente entende que, em um regime democrático, as pessoas devem conversar e discutir entre elas, não com robôs. E é fundamental que elas saibam com quem estão falando.”

Lançado no começo de abril, o caçador de robôs se chama Pegabot e surge em um momento em que as redes sociais estão no centro das atenções por terem ganhado relevância como disseminador de informações, ao mesmo tempo que não conseguem controlar a onda de notícias falsas.

“O impacto das notícias falsas está muito relacionada com o uso dos robôs”, diz Kogan. “Ela pode passar sem influência ou ter um impacto grande. Isso vai depender do tamanho do alcance que ela terá na rede social e isso depende dos perfis que vão compartilhar.”

Para flagrar robôs em ação, o Pegabot faz uma análise do comportamento da conta. Os critérios avaliados são:

intervalo entre postagens: um período pequeno entre publicações diferentes — dois segundos, por exemplo — podem indicar de que se trata da ação de um robô;

frequência das postagens: posts que vão ao ar no mesmo horário são outro indício de que pode haver um robô por traz do perfil;

“pessoalidade” dos textos: conteúdo repetido ou tirado literalmente de outras publicações ou com poucas formatações pistas de que o trabalho foi feito por uma máquina;

linguagem natural: vocabulário recorrente e fora de contexto, assim como a incidência de certas palavras, são características de contas automatizadas.

O Pegabot não é taxativo ao dizer se há um bot ou um ser humano por traz de um perfil. Ele oferece uma nota, que varia de 0 a 100. “A partir de 80%, 85% para um lado ou para outro tem uma grande probabilidade de ser humano ou robô”, diz Kogan.

Ele ressalta, no entanto, que o algoritmo que sustenta o funcionamento do Pegabot ainda está sendo refinado. Por isso, pode haver desencontros. “A gente está calibrando o algoritmo, para estar o mais pronto possível para o período eleitoral.”

Idealizado há oito meses, o Pegabot é fruto do trabalho de uma equipe de até 15 desenvolvedores dos dois institutos e do AppCivico, empresa que cria ferramentas para conectar cidadãos e promover ações de cidadania.

Por ora, o Pegabot atua só no Twitter. Para descobrir se um perfil é automatizado ou não, basta copiar o endereço da conta e inseri-la no site da “caçador de bot” (veja aqui).

Exército de contas falsas

O microblog reconhece que a disseminação de contas falsas é um problema, mas calcula que perfis automatizados e destinados a espalhar conteúdo repetitivo não soma 5% de sua base de usuários.

Kogan diz que já conversa com Facebook para levar o Pegabot à rede social e também ao aplicativo de mensagens WhatsApp. O site de Mark Zuckerberg estima que, entre os 2,1 bilhões de usuários, a população de contas falsas seja de 3% a 4%.

Ainda que não cheguem a um décimo do volume de usuários, as contas falsas, automatizadas ou destinadas a disseminar spam formam um exército numeroso de perfis, que somam 16,5 milhões no Twitter e chegam a até 84 milhões no Facebook.

(Com o G1/Associação Brasileira de Imprensa)

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