Comissão da Verdade da UFSC revela que universidade espionava professores e estudantes na ditadura

                                                     
Um relatório da Universidade Federal de Santa Catarina revela que a administração universitária tinha conexão com os setores militar e policial durante o período da ditadura, e que espionou estudantes e professores. As informações constam de documento elaborado pela Comissão da Memória e Verdade da UFSC, montada em 2014 para investigar atos na universidade entre 1964 e 1988.

Os trabalhos de apuração foram feitos entre 2014 e 2016, sendo colhidos 21 depoimentos individuais e feitas três audiências públicas. Segundo o documento, a administração universitária tinha "participação ativa ou de sua indiferença no processo de repressão e perseguição a professores, estudantes e servidores".

Conforme a Comissão, "ficou comprovado que o papel de espionagem, denúncia, censura, repressão e controle ideológico foi assumido em determinados períodos pela própria administração da UFSC através de membros desta ou do próprio Reitor, em consonância com os comandos militares e policiais".

O documento diz que em 1972 foi criado o órgão de Assessoria de Segurança e Informação (ASI) dentro da UFSC, para aumentar a vigilância sobre os movimentos de estudantes, professores e servidores.

O relatório afirma ainda que “vários estudantes, professores e servidores da UFSC foram vítimas destas violações dos direitos humanos e que demissões, não contratações e perseguições internas políticas e às vezes pessoais foram comuns" na UFSC durante a ditadura.

Documentos e recomendações

O grupo analisou documentação dentro da universidade, na Comissão Estadual da Verdade, e teve ainda acesso também a documentos sigilosos do Serviço Nacional de Informações (SNI) e da Delegacia de Ordem Política e Social de Santa Catarina (DOPS-SC).

No final do documento, são feitas recomendações para a UFSC: a construção de memoriais às vítimas, transformar as informações do período em públicas e a reabertura de casos revelados.


"A história recente da UFSC nos mostrou, em duas oportunidades, em 25 de março de 2014 e em 14 de setembro de 2017, que o arbítrio, a truculência, a violência e o desrespeito ao ser humano continuam presentes no pais, a despeito inclusive da Lei que, no caso da Universidade, garante a Autonomia Universitária".

(Com o G1/UFSC)

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