Carta antissemita de Richard Wagner vai a leilão em Israel

                                                                                              Overtone-Films
                                                                   
                                     Richard Wagner (1813-1883) é famoso por suas óperas

Endereçado a filósofo francês, documento tenta sedimentar a ideologia do panfleto "O Judaísmo na música". Dono de casa de leilões em Jerusalém se diz certo que o compositor estaria "rolando na sepultura" com a ironia.

O documento manuscrito é endereçado ao autor, filósofo e musicólogo francês Édouard Schuré. Nelo, Wagner detalha seus pontos de vista antissemitas sobre os judeus franceses e alemães, e tenta explicar as considerações por trás de seu notório panfleto O Judaísmo na música.

Publicado anonimamente em 1850, esse agressivo ataque aos judeus em geral, e aos compositores Felix Mendelssohn e Giacomo Meyerbeer em particular, inspiraria grande parte da futura literatura antissemita, até a era nazista.

A carta de Wagner está cotada em 8 mil a 12 mil dólares em catálogo. Dela consta que a assimilação dos judeus à sociedade francesa estaria impedindo a França de distinguir a "influência corrosiva do espírito judeu na cultura moderna".

Mais adiante, o músico discute a diferença entre os judeus alemães e os "verdadeiros" alemães, afirmando que a imprensa do país estava inteiramente em mãos semitas.

"Wagner rolaria no sepultura"

O dono da casa de leilões israelense Kedem, Meron Eren, revelou à agência de notícias AFP ser essa a primeira vez que negocia com itens ligados ao criador de O anel do Nibelungo. "Wagner ia rolar na sepultura" se soubesse que um judeu barbado lucraria com a carta dele em Jerusalém, comentou.
                                                                                          Kedem Auction House Ltd)
Para a professora de musicologia Ruth HaCohen, da Universidade Hebraica, a carta mostra o quanto Richard Wagner desejava que seus pontos de vista antissemíticos fossem aceitos pelo público. O fato de estar sendo justamente em Jerusalém, HaCohen considera "uma ironia".

O advogado Jonathan Livny, presidente da Sociedade Wagner de Israel, ressaltou que, embora aceitem produtos como os automóveis da Volkswagen e Mercedes, muitos israelenses continuam boicotando o compositor.

"Wagner se transformou num símbolo do Holocausto", afirmou. As obras do compositor favorito de Adolf Hitler são raramente executadas em Israel, devido ao clamor público e transtornos que provocam.

(Com a Deutsche Welle)

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