Há um ano, morte do ministro Teori Zavascki abalou a comunidade jurídica


                                                                           
Há exatamente um ano, a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, em um acidente de avião em Paraty (RJ), abalou a comunidade jurídica — e o Brasil como um todo. Conhecido por seus pares como um homem técnico e coerente, até hoje ele é lembrado por seu equilíbrio e coragem.

"O ministro Teori Zavaski representa um dos pontos altos na história da nossa Justiça. O seu trabalho permanecerá para sempre, e a sua presença e o seu exemplo ficarão como um rumo do qual não nos desviaremos, cientes de que as pessoas morrem, suas obras e seus exemplos, não", afirmou na ocasião a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.

A seriedade que marcou a trajetória do ministro no Judiciário escondia uma de suas características mais marcantes: o bom humor. É o que conta o jornalista Rodrigo Haidar, que acompanhou o ministro por mais de uma década ao cobrir o dia a dia da Justiça brasileira.

"Aqueles que frequentavam os círculos da Justiça em Brasília sempre souberam que ao lado da figura austera do magistrado andava a de um homem bastante afável e de um bom humor à toda prova. Mesmo quando estava envolto em complexos julgamentos ou quando havia tomado polêmicas decisões, o ministro não deixava de circular em Brasília", conta Haidar, antes de narrar algumas situações que comprovam essa característica do ministro.

Um dos responsáveis pela produção do Anuário da Justiça, o jornalista Pedro Canário também relembrou o que aprendeu com o ministro e mostrou esse lado bem-humorado de Teori. "Por seu perfil discreto, a imprensa o transformou num homem arredio. Nada mais injusto."

Diretor da revista Consultor Jurídico, Márcio Chaer afirmou que Teori tinha um carinho especial pelo Anuário da Justiça, que considerava um canal legítimo e importante para levar à sociedade informações relevantes sobre o Judiciário.

E foi justamente o Anuário que mostrou ao longos dos anos que a trajetória de Teori Zavascki foi muito além dos processos da famigerada operação "lava jato", da qual era relator no STF. Como juiz, Teori tinha uma característica marcante. Preocupava-se com as condições de governabilidade que o Judiciário poderia atrapalhar. Não era governista, mas entendia que o Judiciário deveria dar ao Estado condições de administrar o país.

Esse foi o principal argumento de Gilmar Mendes e Nelson Jobim para defender sua candidatura ao Superior Tribunal de Justiça e ao STF. Diferentemente de oportunistas dispostos a tudo para chegar aos principais tribunais do país, Teori posicionava-se, naturalmente, a favor do Estado, incorporado como interesse público.

(Com a Conjur)

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