Prêmio para iniciativas que promovem cultura alemã no exterior

                                                                                
                             Dois homens e duas mulheres vestidos com trajes tradicionais alemães dançam na Oktoberfest de Blumenau

Com mulheres como foco, concurso de organização alemã destaca propagadoras da cultura germânica mundo afora. Brasileira de Santa Catarina está entre as quatro finalistas.

Candidata brasileira é natural de Santa Catarina, estado onde fica Blumenau (foto), símbolo da cultura teuto-brasileira

A organização alemã Internationale Medienhilfe (Apoio internacional às mídias ou IMH, na sigla em alemão) promove pela primeira vez um concurso para reconhecer representantes e propagadoras da cultura alemã no exterior, intitulado Auslandsdeutsche des Jahres (Alemã estrangeira do ano). A competição é disputada por quatro finalistas, entre elas uma brasileira.

Através de mídias parceiras em todo o mundo, a IMH recebe constantemente informações sobre o engajamento de descendentes de alemães, especialmente de mulheres. Justamente com a intenção de valorizar e reconhecer internacionalmente o trabalho e a iniciativa delas na divulgação da cultura e língua alemãs em seus países é que o concurso foi concebido. 

Segundo o diretor da IMH, Björn Akstinat, a escolha das quatro finalistas foi feita pelo júri da organização, situada em Berlim, que recebeu candidaturas de 20 países. Uma das finalistas é a teuto-brasileira Isabel Pitz, de 30 anos, do município catarinense de São José.

                                                                                                               Pivati

Isabel Pitz: "O Brasil é rico de culturas, culturas dos povos que constituíram esse país. E a cultura teuto-brasileira faz parte dessa constituição."

Há quase dois anos ela criou Deutschbrasischland, página do Facebook que já conta com mais de 50 mil seguidores. Na página, Pitz aborda tradições, costumes, histórias e vivências da cultura teuto-brasileira em solo nacional.

"O que quero transmitir ao público é a cultura dos nossos antepassados germânicos (luxemburgueses, alemães, austríacos, belgas e suíços), que ainda é vivida nas casas de famílias teuto-brasileiras e que está longe de morrer", disse a catarinense em entrevista à DW Brasil.

Com a página na rede social, ela pretende mostrar a "terra teuto-brasileira", que ela chama de Deutsch-brasisch-land. Isabel é a única em sua família que busca preservar, aprender e falar o Hunsrückisch – dialeto da região de Hunsrück, no estado alemão da Renânia-Palatinado. Seus antepassados maternos vieram de lá, e chegaram ao Brasil no final do século 19.

"Vieram fugidos de uma Alemanha miserável, faminta e sem emprego. Vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida", conta. A valorização da cultura teuto-brasileira, que surgiu do encontro dessas duas culturas, é o enfoque do trabalho de Pitz.

"Muitos dizem que nós, tradicionalistas, paramos no tempo; que a Alemanha evoluiu. Mas a Alemanha evoluiu e deixou para trás uma identidade cultural que nós, aqui no Brasil e em outras comunidades de descendentes de imigrantes germânicos ao redor do mundo, vivemos até hoje. Não somos atrasados. Não paramos no século 19. Vivemos a cultura, os costumes e tradições que nos ensinaram em casa. Essa é a nossa identidade", defende a catarinense.

"Não se trata de saudosismo"

A iniciativa de Pitz promover a cultura teuto-brasileira deu tão certo que, constantemente, ela recebe mensagens de apoio e cumprimentos de fãs da Alemanha, da Polônia, de teuto-descendentes na Argentina e até de pesquisadores.

"Os seguidores da DB [Deutschbrasischland] não querem ser alemães ou fazer do Brasil uma Alemanha ou algum dia morar na Alemanha. Nós queremos ser teuto-brasileiros e temos orgulho da cultura que germânica que nasceu aqui no Brasil", defende Pitz.

"Parece saudosismo, mas cada povo tem sua história, sua trajetória e sua identidade. Nipônicos do bairro da Liberdade em São Paulo; sertanejos de uma festa de peão de boiadeiro quando cantam suas modas de viola; afrodescendentes quando dançam no candomblé ou preparam o acarajé", acrescenta. "O Brasil é rico de culturas, culturas dos povos que constituíram esse país. E a cultura teuto-brasileira faz parte dessa constituição e é tão rica quanto estas e outras."

Levar conhecimento à Alemanha

Juntamente com Pitz, estão no páreo do concurso Auslandsdeutsche des Jahres outras três candidatas: uma da Austrália, outra da Hungria e a última do Paraguai. Para Akstinat, é muito importante tornar conhecidos e presentes na Alemanha a cultura e o idioma transmitidos por essas quatro jovens mulheres.

"Um dos objetivos do concurso é tornar mais conhecidas na Alemanha as grandes iniciativas culturais e tradições dos alemães estrangeiros. Muitos cidadãos da Alemanha não sabem praticamente nada sobre as comunidades e minorias alemãs em todo o mundo. E justamente porque isso é raramente tematizado nas escolas e universidades", afirma.

A intenção da IMH é de dar continuidade ao concurso no próximo ano e talvez incluir a candidatura de homens. Neste ano, a candidata com mais votos receberá como prêmio a divulgação de seu trabalho entre os colaboradores e parceiros da IMH em todo o mundo.

Até o dia 10 de dezembro é possível votar, mandando um e-mail para info@imh-service.de com o nome do país onde vive e de sua candidata favorita.

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