Hoje na História: 1981 - Estreia nos EUA o filme Reds, sobre a Revolução Bolchevique




                                                                                  
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Inspiração de Reds, John Reed morreu na URSS e foi enterrado ao lado do mausoléu de Lenin


Obra foi escrita, dirigida e interpretada em plena Guerra Fria por Warren Beatty, importante figura do cinema norte-americano

Max Altman (*)

Em 4 de dezembro de 1981, o filme Reds, que trata sobre a vida de um jornalista comunista norte-americano e a Revolução Bolchevique, estreava nas salas de cinema dos Estados Unidos.

A obra, escrita, dirigida e interpretada por Warren Beatty, aborda a vida do jornalista norte-americano John Reed, desde a época em que era repórter do periódico socialista The Masses, no início do século XX, até a fundação do Partido Comunista dos Estados Unidos. Sua vida conjugal com Louise Bryant também merece destaque especial na primeira parte do filme.

A película prossegue mostrando a participação de Reed na Revolução Russa em 1917, seus contatos com importantes lideranças e as divergências internas que já aparecem no movimento comunista da União Soviética. 

Dessa participação Reed realizou a mais famosa cobertura jornalística da revolução, imortalizada no livro Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo, um clássico sobre a história da Revolução Bolchevique, altamente elogiado por Lenin.

Durante a existência da União Soviética, Reed sempre foi tratado como uma espécie de herói na visão internacionalista do socialismo. Morreu em Moscou vítima de tifo com 44 anos. 

Trata-se do único estrangeiro, que morrendo na União Soviética, teve seu corpo enterrado com grandes honras nas muralhas do Kremlim, ao lado do mausoléu de Lenin.

Reds recebeu 12 indicações para o Oscar, para os prêmios de melhores filme, ator (Beatty), atriz (Diane Keaton), ator coadjuvante (Jack Nicholson) e atriz coadjuvante (Maureen Stapleton). Beatty conquistou o Oscar de Melhor Diretor pela primeira vez na ocasião. 

Já havia recebido a indicação de Melhor Diretor vários anos antes em sua estreia como diretor, pelo filme O Céu Pode Esperar (1978).

Beatty nasceu em 30 de março de 1937 em Richmond, Virginia, tendo estudado artes cênicas na Universidade Northwestern e, mais tarde, com a legendária professora  Stella Adler na cidade de Nova York. Após uma série de pequenos papeis no começo da carreira na televisão e no teatro, fez sua estreia na telona com Clamor do Sexo (1961), dirigido por Elia Kazan, contracenando com Natalie Wood.

Em 1967, ele e Faye Dunaway interpretaram os famosos amantes fora-da-lei no filme que alcançou grande êxito de crítica e bilheteria: Bonnie & Clide – Uma Rajada de Balas. Durante os anos 1970, Beatty estrelou fitas como Quando os Homens São Homens (1971), com Julie Christie; Shampoo (1975), uma sátira de sua co-autoria sobre um cabeleireiro afeminado de Beverly Hills; e O Céu Pode Esperar (1978), em que retrata um jogador de futebol americano que habita o corpo de outro homem que sofrera um acidente fatal.

O filme subsequente de Beatty foi o ambicioso Reds (1981), com mais de três horas de duração, em que ele mesmo vive o papel do jornalista Reed. Diane Keaton atuava como sua colega e mulher Louise Bryant, enquanto Jack Nicholson vive o dramaturgo Eugene O'Neill e Maureen Stapleton retratou a anarquista Emma Goldman.

Durante os anos 1990, Beatty figurou em filmes como Dick Tracy (1991), Bugsy (1992), em que a vida de um gângster, e a sátira Politicamente Incorreto (1998). Fora da tela, o ator tornou-se conhecido por seu ativismo político e por seus relacionamentos amorosos bastante badalados com atrizes como Julie Christie, Diane Keaton e Madonna.

Beatty apareceu brevemente em um documentário de 1991, Na Cama com Madonna. Desde 1992 está casado com a atriz Annette Bening com quem contracenou em Bugsy e em Tarde Demais para Esquecer (1994).

Warren Beatty é o irmão mais novo da atriz Shirley MacLaine, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz com Laços de Ternura (1984) e participante de bons filmes como Se Meu Apartamento Falasse (1960), Flores de Aço (1989) e A Feiticeira (2005).

(*) Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.

(Com Opera Mundi)

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