"Na verdade eu tinjo-me romântico, mas sou vadio-computador. Sou barroco"



O cantor Caetano Veloso chega aos 75 anos nesta segunda-feira (7), no mesmo ano em que o lançamento de seu primeiro disco completa cinco décadas. Ao longo de sua carreira, o músico gravou 30 discos de estúdio, o último deles “Abraçaço”, lançado em 2012. 

Caetano também dirigiu o filme “Cinema Falado” (1986) e é autor do livro de ensaios autobiográficos “Verdade Tropical” (1997). A primeira biografia do cantor, não-autorizada, se chama “A Vida de Caetano Veloso, o Mais Doce Bárbaro dos Trópicos". O livro, escrito por Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco, foi lançado em abril de 2017.

Nascido em Santo Amaro da Purificação (BA), Caetano Veloso começou sua trajetória musical compondo trilhas para peças de teatro. O primeiro disco, “Domingo”, foi gravado em julho de 1967, em parceria com Gal Costa, com forte influência da Bossa Nova. Alguns meses depois, em outubro daquele mesmo ano, Caetano introduziu guitarras elétricas em sua canção “Alegria, Alegria”, e com isso se colocou, ao lado de Gilberto Gil, no centro de um movimento artístico que veio a ser batizado de Tropicalismo. A euforia tropicalista durou pouco mais de um ano, quando seus protagonistas foram presos pelos militares, que estavam no poder, e tiveram que deixar o país.

Após dois discos lançados no exterior, “Caetano” (1971) e “Transa” (1972), o compositor voltou ao Brasil e retomou sua produção com o experimental “Araçá Azul” (1973). “Antes eu queria fazer história, agora quero fazer música. Se é que a gente pode dizer assim. Mas é muito mais gostoso e mais difícil. No país de Jorge Ben, de Naná, de Gilberto Gil, de Milton Nascimento, no país de João Gilberto, de Tom, de Pixinguinha, de Jacó, o meu 'Araçá Azul' pode apenas ser perdoado como o esforço de alguém que tem vontade de começar a cantar”, escreveu Caetano em um artigo publicado na edição de dezembro do jornal Ex-, de dezembro de 1973.

Caetano fechou a década de 1970 com “Cinema Transcendental” (1979). Durante a turnê desse disco pelo interior de São Paulo, ele gravou “Outras Palavras” (1981). Para celebrar o aniversário do cantor e compositor, a Agência Brasil resgatou o áudio de uma entrevista concedida por ele à Rádio Nacional do Rio de Janeiro em meados de 1981, ano em que lançou "Outras Palavras", primeiro disco de ouro de sua carreira. 

A vida de Caetano Veloso é marcada pela versatilidade: além de cantor, compositor, escritor e dramaturgo, o artista atuou, em 1989, interpretando o poeta Gregório de Mattos em "Os sermões - a história de Antonio Vieira", filme de Júlio Bressane. Em sua carreira, acumula prêmios como o Shell para a Música Brasileira (1989), Sharp (1989 e 1992), Grammy Awards (duas vezes) e Grammy Latino (oito vezes).
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Seus trabalhos também tiveram, em cinco décadas de música, parcerias de peso como João Gilberto - seu grande ídolo -, Jorge Mautner, Milton Nascimento e Torquato Neto. Algumas das gravacões emblemáticas de sua trajetória são ao lado do também baiano Gilberto Gil, com quem gravou o disco "Dois Amigos, Um Século de Música", em 2015, e realizou uma turnê em dupla por todo o país. Outra fase do músico que ocupa espaço saudoso na memória dos fãs é o grupo Doces Bárbaros, formado em 1976 por Caetano com Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia.

Entrevista especial

Na conversa registrada e guardada pela Rádio Nacional, Caetano fala com o apresentador Darci Marcello sobre sua relação com a música e o processo de criação. “O fato é que quando eu toco violão eu me sinto melhor e se não toco me sinto muito mal. 

Tenho vontade de tocar e cantar, é terapêutico, me sinto bem, me melhora de qualquer coisa”. O músico também recorda momentos importantes para sua formação musical, como a temporada que passou no Rio de Janeiro em 1956, aos 13 anos de idade, quando ia semanalmente aos estúdios da Rádio Nacional para assistir a apresentações musicais.

(Com a Agência Brasil)

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