É possível erradicar a fome?

                                                          
 Havana, 13 ago (Prensa Latina) Apesar de décadas de luta contra a fome, esta persiste hoje no mundo, onde aproximadamente 800 milhões de pessoas padecem, destes, 90 milhões são crianças.

Os especialistas coincidem em que a solução desse problema dependa da vontade política dos governos e de uma justa distribuição dos alimentos, pois estes são suficientes para saciar os estômagos vazios.

No entanto, no meio das crescentes afetações provocadas à produção agrícola pela mudança climática e o acelerado crescimento da população e da urbanização, analistas estimam que se trata de um mau que se agravará a não ser que se adote um novo enfoque com respeito a sua solução.

Precisamente, um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o 2030 consiste em pôr fim à fome, o qual para muitos é difícil de conseguir tendo em conta que só aumenta e está longe de desaparecer, sobretudo nos países pobres e subdesenvolvidos.

Ainda que na Ásia arraiga o maior número de afetados, é na África onde está a maior prevalência (percentagem da população) de fome, com uma de cada quatro pessoas desnutridas.

Basta mencionar nesse sentido a situação que enfrenta nestes momentos Sudão do Sul, onde padecem esse mau quase 6 milhões de pessoas, a cifra mais alta na história do país, que ficou independente do Sudão em 2011, e deles 1,7 milhões precisam ajuda de forma urgente.

Ao considerar as graves sequelas que ocasiona esse flagelo, como a morte, o atraso mental e outros, vários organismos internacionais e especializados têm realizado estudos para determinar quanto custaria a eliminação desse mal já crônico.

Um dos mais recentes é o levado a cabo pelo Institute for Sustainable Development (IISD) e o International Food Policy Research Institute (IFPRI), a fim de determinar o custo econômico que implicará pôr fim à fome em 2030 e a contribuição financeira que se esperam dos países doadores.

Segundo a investigação, o custo de tal propósito -isto é a despesa pública necessário- representaria uma média de 11 bilhões de dólares por ano. Atualmente as atribuições das nações doadoras somam menos de 8 bilhões e 600 milhões de dólares, pelo que o monte adicional para completar essa cifra -uns 5 bilhões de dólares- supõe um aumento de 45%.

Para calcular o custo da erradicação da fome, o estudo criou cinco categorias ou áreas, as quais afetam tanto os alimentos, como o consumo e a capacidade de produção nos lares.

Por exemplo, a primeira delas compreende a redes de segurança social e o apoio aos consumidores através de transferências monetárias e cupons de alimentos.

As restantes incluem o respaldo à produção agrícola, mediante subsídios para adquirir fertilizantes e sementes, e a investimentos com vistas a compra-a de tratores e outras equipes, o acesso a modernas tecnologias, a extensão dos serviços e uma melhor organização.

Abarcam assim mesmo o respaldo à infraestrutura rural, acesso a mercado, educação, armazenamento, correntes de valor, e aspectos relacionados com a nutrição e o desenvolvimento das pessoas, como atraso do crescimento, lactancia materna, baixo peso ao nascer e a anemia.

Em suas análises os especialistas de ambos Institutos se centraram nas redes de segurança dirigidas diretamente aos consumidores, a expansão da produção, o aumento dos rendimentos dos agricultores pobres e o desenvolvimento rural, precisamente as áreas que decidem no volume dos alimentos necessários e em seu acesso, mais que no próprio monte do apoio monetário internacional.

(Com Prensa Latina)

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