A NAKBA E A GREVE DE FOME DE 1800 PRISIONEIROS POLÍTICOS

                                                                      
Mercedes Lima (*)

Em 1948 a maioria da população palestina foi expulsa de suas aldeias por milícias sionistas e teve suas propriedades confiscadas e depois destruídas, para impedir a volta dos palestinos. Centenas também foram transferidas para um Fundo Nacional e depois vendidas aos israelenses e jamais, claro, aos palestinos.

Um dos símbolos de luta pelo direito ao retorno e a revolta coletiva contra a colonização/expropriação/opressão do povo palestino pelo governo israelense é expressa na lembrança do dia 15 de Maio, porque nesse dia, em 1948, se tem uma lembrança atualizada da luta palestina contra a opressão dos sionistas, portanto, data de luta importante para os internacionalistas.

O termo árabe NAKBA designa catástrofe ou desastre e é utilizado como referência ao processo que culminou na criação unilateral do Estado de Israel em 78% do território da Palestina. Nessa data e no decorrer dos meses de junho e julho daquele ano, ocorreu o confisco de terras dos palestinos que reagiram respondendo com uma greve entretanto, foi dura a repressão às manifestações de rua e seis jovens palestinos acabaram mortos, além das centenas de pessoas feridas e presas.

A questão é que a Nakba, com uma grande violência, varreu da Palestina cerca de 530 vilarejos, aldeias, áreas rurais e cidades inteiras, em um prazo de seis meses. E, tal começa a ocorrer logo após a recomendação da ONU – de 29/11/1947 -, de partilha da Palestina em um estado judeu e outro árabe. 

Após a matança de centenas de palestinos que resistiam a deixar suas terras, crianças, mulheres e idosos, eram expulsos de suas terras tendo suas casas destruídas. Cerca de um milhão de nativos foram expulsos da Palestina, ( e, não como divulgado pelos sionistas de que os palestinos teriam voluntariamente abandonado suas casas) através do chamado Plano militar D ( Plano Dalet), ou seja, houve um planejamento prévio seguido de execução sistemática, com massacres esporádicos através de diversas formas e expulsão do povo palestino.

A limpeza étnica na Palestina de hoje prossegue em que pese ser tratado pela ONU como uma violação aos direitos humanos passível de punição. A limpeza étnica é entendida pela ONU como o desejo de um estado ou regime de impor um domínio étnico sobre uma área mista (…), com o uso de expulsão mediante o uso de medidas violentas tais quais, expulsão da população, separação de homens e mulheres, detenção arbitrária de pessoas, explosão de casas, com o subsequente repovoamento das casas remanescentes pelo outro grupo étnico e “onde houver resistência ocorre a expulsão e os massacres. É o retrato da história da Palestina após 1948.

Em Israel há um modelo de militarização do cotidiano com as bizarras Zonas-tampões, isto é, faixas de terras palestinas que Israel confisca para manter, entre a linha onde estabelecem suas fronteiras e Gaza (ou as vilas e cidades da Cisjordânia), uma área vazia, de acesso proibido aos palestinos, cercada e vigiada por soldados armados.

Gaza, depois do último ataque militar de Israel, restou destruída por toda parte, com milhares de mortos e feridos, famílias inteiras dizimadas, falta de alimentos, água, crianças traumatizadas. Hoje cerca de 1.6 de palestinos ali vivem em alguma coisa parecida com um campo de concentração. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. 

Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006 ( Eduardo Galeano, na Rede).

As aldeias dos territórios ocupados são sitiadas, porque monitoradas por câmeras de vigilância e drones, rodeadas por guarda de fronteira ou unidades militares que atiram para matar. A resistência é denominada provocação, terrorismo ou crime contra a humanidade. 

Uma resistência sem exército, sem marinha e sem força aérea e, do outro lado, o poderoso exército sionista com armas fornecidas pelo Imperialismo norte-americano, em total desrespeito a todas as normas de Direitos Humanos e às Resoluções da ONU.

Notícias falsas circulam em detrimento do povo palestino, como a da publicação Rua Judaica noticiando que a IDF – Israel Defence Forces) teria descoberto no final do ano passado ( 19/12/2016) uma fábrica clandestina de armas na Cisjordânia. 

Primeiro é preciso desmascarar que essa força não é de defesa e sim de ataque, usada para garantir a ilegalidade dos assentamentos nos territórios ocupados, aliás, condenada em 23/12/2016 pela ONU por ferir a Carta das Nações Unidas e demais legislações internacionais, como as Convenções de Genebra e outras Resoluções do Conselho de Segurança das Nações.

 ( O bloqueio israelense à Gaza, por exemplo, estabelecido em junho de 2007, foi e é uma forma brutal de punição coletiva que viola o artigo 33 da IV Convenção de Genebra que estabelece normas sobre proteção de civis em tempo de guerra ). No ataque israelense de 2008 foram mortos cerca de 1.500 civis.

Os assentamentos israelenses em curso na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, territórios palestinos ocupados, não tem validade legal porque ofensivas à legislação internacional acima mencionadas.

Prisioneiros são rotineiramente torturados ou “desaparecidos”. Ficam anos presos para averiguações, aguardando processos acusatórios que nunca se extinguem ou que não “andam”.
Os prisioneiros políticos palestinos estão em greve de fome desde o dia 17 de abril do corrente ano exigindo o fim do tratamento cruel e das políticas injustas que enfrentam nas prisões israelenses. Hum milhão de palestinos já foram detidos desde o estabelecimento do estado de Israel. Hoje são cerca de 6.500 palestinos sob custódia israelense, muitos dos quais são crianças

As exigências dos prisioneiros são simples. Eles incluem o restabelecimento dos direitos de visitação, a instalação de telefones, a melhoria dos cuidados médicos e o fim do confinamento solitário e da detenção administrativa – que é apenas mais um termo para ser mantido indefinidamente sem acusação ou julgamento. Não aos projetos imperialistas dos EUA no apoio que dá à Israel no ataque aos palestinos, aos iraquianos, na Síria e em todos os lugares onde pretende o saque de riquezas.

Toda nossa solidariedade aos prisioneiros palestinos em greve!

Viva a Palestina livre !

(*) Mercedes Lima, do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro.

(Com o site do PCB)

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