Facebook só contratará escritórios de advocacia com cotas para minorias

                                            

O Facebook anunciou neste sábado (8/4) uma nova instrução que obriga as bancas contratadas por sua assessoria jurídica a ter cotas para as chamadas minorias (mulheres, negros, pessoas com deficiência e homossexuais, por exemplo) na equipe de advogados que representa a empresa. A exigência é de 33% profissionais com esses perfis (ou um terço da equipe).

HP, Metlife, Walmart e outras empresas já adotaram o mesmo caminho recentemente. Para todas elas, não basta colocar minorias na equipe, só para cumprir a cota; todos os advogados da equipe devem estar igualmente bem preparados e treinados para defender os interesses da empresa.

Até o início do ano passado, o Facebook não teria “moral” para fazer essa exigência, segundo o New York Times e o Bloomberg Law. Tal como outras gigantes do Vale do Silício, o Facebook era muito criticado pela predominância de homens brancos em sua força de trabalho. Mas a corporação mudou sua política e começou a contratar – e se esforçar para reter – integrantes das minorias.

A empresa gostou do que fez e passou a pressionar seus fornecedores a fazer a mesma coisa. Chegou a vez dos advogados, e a empresa espera ainda mais das bancas. “Queremos ver as bancas ganhando nossos casos, mas também criando oportunidades de liderança mensuráveis para mulheres e pessoas de cor”, disse aos jornais o assessor jurídico geral do Facebook, Colin Stretch.

Essas oportunidades incluem servir como gerentes de relacionamento com o Facebook e representar a empresa nos tribunais, explicou Colin Stretch. Ele avalia que as bancas irão cumprir essas determinações, porque elas sempre fazem o que os clientes pedem.

De acordo com estatísticas divulgadas no ano passado, negros e latinos ocupavam 3% dos cargos de liderança nas bancas, e as mulheres 27%. Levantamentos mais recentes mostraram que advogados negros passaram a ocupar 9% dos cargos de liderança, os latinos 5% e as mulheres 29%.

A assistente jurídica geral da HP, Kim Rivera, disse aos jornais que a falta de diversidade nas bancas americanas é um problema persistente, mas isso vai mudar. “Hoje, exigimos que, entre os sócios de relacionamento da banca com a empresa, deve ter pelo menos uma advogada e um advogado de raças minoritárias, cada um desempenhando pelo menos 10% das horas trabalhadas para a HP”, declarou.

A Gibson, Dunn & Crutcher, banca que representa hoje o Facebook e a HP, já criou um departamento de diversidade. Assim, para a advogada Zakiyyah Salim-Williams, chefe do setor, a banca não terá problemas em cumprir as determinações das duas empresas.

O assessor jurídico geral da Metlife, Riacardo Anzaldua, declarou aos jornais que, ainda neste mês, vai se reunir com representantes de cerca de 50 bancas que representam a empresa para discutir uma nova iniciativa para promover a contratação, retenção e patrocínio de advogadas e de advogados pertencentes a minorias raciais ou étnicas. As bancas terão um prazo para melhorar, sob pena de perder o contrato.

O assessor jurídico geral do Walmart, Alan Bryan, disse que a empresa criou um departamento que monitora as “operações jurídicas”, as despesas decorrentes delas e a questão da diversidade, no que se refere à constituição das equipes das bancas que prestam serviços jurídicos à corporação.

“A empresa não monitora apenas o número de advogadas ou advogados pertencentes a minorias raciais que integram as equipes. Monitora também quanto tempo uma advogada de cor trabalha na revisão de um documento jurídico, se ela exerce um papel de liderança e se emprega mais ou menos horas em um serviço jurídico complexo”, declarou.

A Morgan Stanley ainda não faz nenhuma exigência, mas criou um prêmio anual para a banca melhor colocada na categoria “diversidade e inclusão”.

(Com o Consultor Jurídico)

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