Após processos, Gazeta do Povo ganha Prêmio ANJ

                                                           
                               A equipe de reportagem de Gazeta do Povo (Foto: Reprodução)

Os repórteres do jornal paranaense Gazeta do Povo, que foram alvo de mais de quarenta ações movidas por juízes e promotores do estado, receberam o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2016 nesta quarta-feira (28/9).

No início deste ano, o jornal divulgou diversas reportagens que expuseram os “supersalários” de membros do Judiciário e do Ministério Público do Paraná. Segundo a Gazeta, que teve como base dados públicos do Portal da Transparência, os magistrados receberam R$ 527 mil e R$ 507 mil, quando o teto é de R$ 411 mil.

Insatisfeitos, os juízes apresentaram uma série de ações em várias cidades do estado, obrigando os jornalistas a se deslocarem de um lugar ao outro para se defenderem. Em julho, em decisão liminar, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou suspender as ações.

De acordo com O Estado de S.Paulo, a premiação foi destinada aos jornalistas Chico Marés, Euclides Lucas Garcia, Rogério Galindo, Evandro Balmant, Guilherme Storck e ao veículo. A entidade agraciou os profissionais para questionar o Judiciário.

“O prêmio é para prestigiar, em primeiro lugar, o bom jornalismo. Depois, a questão que se colocou para a diretoria da ANJ é que os magistrados paranaenses não buscaram justiça, mas apenas constranger o livre exercício do jornalismo”, destacou Ricardo Pedreira, presidente da Associação.

Guilherme Döring Cunha Pereira, presidente executivo do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), que edita a “Gazeta do Povo”, afirmou nutrir respeito pelos juízes, mas criticou o corporativismo que levou ao ajuizamento de várias ações.

“As pessoas que, imersas numa cultura de forte corporativismo, ficaram talvez hipersensibilizadas, cegas mesmo, quando nossas matérias, bem feitas, com boa carga informativa, mas triviais, no sentido de não fazermos outra coisa além de expor com boa sistematização o que já constava no Portal da Transparência, questionou sua remuneração. A nosso ver, remuneração privilegiada ou no mínimo destoante da realidade social brasileira “, disse Guilherme Döring.

As reportagens foram publicadas em fevereiro, as ações foram propostas em março e os profissionais começaram a viajar em abril. Sem a decisão do Supremo Tribunal Federal, outras audiências os obrigariam a viajar para outros municípios do Paraná, de acordo com um dos repórteres Euclides Lucas Garcia.

“O caso ainda está transcorrendo. Há uma liminar da ministra Rosa Weber, mas ainda não foi julgado o mérito. Então dá um reforço para a gente, na certeza de que o STF em última instância vai decidir a nosso favor. A gente não fez mais nada do que trazer ao público o que estava no Portal da Transparência. Basicamente foi isso o nosso trabalho”, disse Euclides.


(Com  O Estado de S.Paulo/O Globo/Associação Brasileira de Imprensa)

Comentários