REFERENDO

                                                        

Cameron pede que mais velhos pensem
em futuro de jovens ao 
votar sobre permanência na UE

Caso Reino Unido saia da União Europeia, 'geração seguinte terá de viver com as consequências por muito mais tempo do que o resto de nós', disse premiê
      
Faltando apenas dois dias para o referendo que definirá a permanência ou a saída do Reino Unido da União Europeia (a "Brexit"), o primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um pronunciamento em frente à sede do governo, em Londres, nesta terça-feira (21/06), pedindo à população mais velha que pense no futuro de seus filhos e netos e vote contra a saída.

“Quero falar diretamente com aqueles de minha geração e mais velhos. Eu entendo suas frustrações com a UE. Eu mesmo as sinto. Por isso rejeitamos o euro e mantivemos nossas fronteiras. Temos o melhor dos dois mundos. Assim, quando vocês decidirem, seja por permanecer ou sair, pensem nas esperanças e nos sonhos de seus filhos e netos”, pediu Cameron.

“E lembrem que eles não poderão desfazer nossa decisão. Se votarmos por sair, estará feito. É irreversível. Deixaremos a Europa para sempre e a geração seguinte terá de viver com as consequências por muito mais tempo do que o resto de nós”, reforçou o premiê britânico.

Segundo pesquisas da YouGov, a população mais jovem (de 18 a 29 anos, principalmente) é a mais propensa a votar pela permanência do Reino Unido na União Europeia, enquanto aqueles com mais de 50 anos são mais propensos a votarem por sua saída. 

Diante dessa "divisão geracional", opositores do “Brexit” criaram uma campanha chamada “Call your Nan” (Ligue para sua avó, em tradução livre), em que estimulam as pessoas a ligarem para suas avós e seus avôs a fim de convencê-los a votarem pela permanência.

“Sua avó, como muitas avós, provavelmente irá votar pela saída da União Europeia. (...) Se sua avó entendesse o que ficar na União Europeia significa para seus netos, então talvez ela esteja disposta a mudar de ideia. Está na hora de uma conversa intergeneracional”, diz o site da campanha, que ainda oferece argumentos sobre as diversas questões que vêm sendo abordadas em vista do pleito.

Imigração

Uma dessas questões, também abordada por Cameron em entrevista ao jornal britânico The Guardian, é a imigração, um dos pontos mais debatidos por apoiadores e opositores do “Brexit”.

“Acredito que temos que ser capazes de discutir e debater a imigração. Estamos falando como um país que tem muitas pessoas que fugiram de perseguições e contribuem massivamente [com o Reino Unido]”, disse o primeiro-ministro, que tentou rebater a postura de políticos pró-“Brexit” que pedem mais restrições à imigração e acreditam que a saída da União Europeia é a melhor maneira de fazer isso.

Para Cameron, esses argumentos são uma “tentativa de dividir a população e de provocar intolerância para benefício político”.

Nigel Farage, líder do ultradireitista UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) e um dos principais nomes da campanha em prol da saída do país do bloco, afirmou após o pronunciamento de Cameron que "a União Europeia é um projeto desastroso e falido". "Com David Cameron no poder, este país viu um recorde na imigração e ele ainda quer que a Turquia se una [à UE]. Temos que fazer o dia 23 de junho ser nosso Dia da Independência para que possamos começar a controlar a imigração", disse Farage.

(Com Opera Mundi)

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