Um Tom Jobim sinfônico abre o 20º Cubadisco 2016


                                                                        
A Orquestra Sinfônica Nacional de Cuba e Bossa Nova Sinfônico do Brasil foram os atores principias do Cubadisco 2016. Na foto a cantora Rose Max, do projeto Bossa Nova Sinfônico. Foto: Anabel Díaz

A excelência, beleza e qualidade da obra de Tom Jobim, figura expoente da música popular brasileira no século passado, tocada em parceria pelo quinteto Bossa Nova Sinfônico e a Orquestra Sinfônica Nacional conferiu um alto grau de distinção à inauguração da 20ª Feira Internacional Cubadisc

A excelência, beleza e qualidade da obra de Tom Jobim, figura expoente da música popular brasileira no século passado, tocada em parceria pelo quinteto Bossa Nova Sinfônico e a Orquestra Sinfônica Nacional conferiu um alto grau de distinção à inauguração da 20ª Feira Internacional Cubadisco.  

O concerto em uma lotada sala Covarrubias do Teatro Nacional apresentou em Havana oito das 13 obras incluídas no CD Bossa Nova Sinfônico, Lembrando Antonio Carlos Jobim, que os instrumentistas e uma vocalista vinda dos Estados Unidos gravaram ao vivo com a Orquestra Sinfônica da Costa Rica, e que conseguiram, em 2014, uma indicação aos Grammy Latinos e venceu como melhor CD do ano nos Brazilian Press Awards, galardões que entrega a imprensa brasileira nos Estados Unidos.           

O quinteto, muito acoplado, formado pela cantora Rose Max, o violonista Ramatís Morães, o contrabaixista Jamie Ousley,o pianista Michael Orta e o baterista Carlomagno Araya,viajou à Ilha acompanhado do diretor e regente da Orquestra Sinfônica Nacional,Enrique Pérez Mesa.

Pérez Mesa comentou para a nossa publicação que Fox, autor dos arranjos musicais, teve um conceito interessante, ampliado e harmônico para a fusão da música popular de Jobim e o fez respeitando os sons sinfônicos.

Fox é um músico reconhecido que também foi indicado na 57ª edição dos Grammy Latinos pelos arranjos de uma das músicas do seu CD With Love, a intitulada All My Tomorrows, interpretada por Kate McGarry.

Os integrantes do quinteto, em um encontro prévio com a imprensa, disseram ter ficado impressionados com o som “sensacional” da Sinfônica cubana, pelo qual o regente Pérez Mesa precisou no diálogo posterior que a Orquestra não é alheia à música brasileira, pois inclui em seu repertório, “obrigatoriamente Villa Lobos, Carlos Gomes, um excelente compositor, e Vinicius de Morães, além de ter tido, por exemplo, a presença do violonista Toríbio Santos, uns dos pioneiros do violão no Brasil”.               

Na primeira parte da Gala, Bossa Nova Sinfônico, junto com a Orquestra Sinfônica Nacional, regida por Fox, interpretou oito peças, Águas de Março, Chovendo na Roseira, Corcovado, Insensatez, Retrato em Branco e Preto,eum pot-pourride Samba de Uma Nota Só, Chega de Saudade e Água de Beber. Não podia faltar a Garota de Ipanema, este tema de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994) que além de dar passagem ao gênero bossa nova, se tornou um dos mais gravados no mundo, umas 240 versões.  

As canções de Jobim deram a volta ao mundo e a lista daqueles que gravaram suas obras se revela impressionante: Miles Davis, Quincy Jones, Ella Fitzgerald, Nat King Cole, Sarah Vaughan, Mina, Santana, Dizzy Gillespie, Al Jarreau, Pat Metheny.

Dado curioso. Jobim gravou em 1967 um CD, com Frank Sinatra, e conseguiu que o crooner aceitasse o título com seu nome verdadeiro: Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim.

Em Havana, o quinteto em parceria com a Sinfônica foi muito aplaudido e perante a insistência do público tocaram, fora do programa, a popular obra Carnaval de Brasil.

No salão azul do teatro Nacional, a cantora Rose Max, apenas saída do palco, considerou para nossos leitores que o concerto foi uma experiência extraordinária e reitera sua crença de que o Brasil e Cuba têm muito em comum, ”sobretudo o tempero da música”.

A segunda parte da Gala de inauguração, dedicada ao dia da diversidade cultural, foi do cantor e compositor Raúl Torres, quem fez algo similar, uniu seu grupo à Sinfônica Nacional sob a batuta de seu regente titular Enrique Pérez Mesa, para sete músicas levadas igualmente à versão sinfônica pelo pianista e arranjador cubano Miguel Núñez: El Pescador, Yo te amé, Niña de Misterio, El regreso del amigo e Frío.

As já clássicas Nítida fe e Se fue (da qual a brasileira Simone faz uma extraordinária interpretação) as fez Torres em um dueto com a cubana de voz harmônica Vania Borges.

O cantor e compositor não pôde abandonar o palco sem um bis e foi, nada mais nada menos, que com a aconchegante Candil de Nieve, esta vez só com seu grupo.      

A presença em Havana do quinteto Bossa Nova Sinfônico foi possível graças os esforços de Toca Culture, uma organização cultural sim fins de lucros com sede em Miami, “que promove as artes visuais e cênicas, através da troca cultural e encontros em todo o continente americano”, disse no encontro com a imprensa seu diretor Robson Coccaro.

Após terminar o concerto na sala Covarrubias, Coccaro comentou para esta publicação que ao escutar o público aplaudir a orquestra sentiu uma forte emoção.

“Apesar de ser um projeto de música brasileira todos os artistas moram nos Estados Unidos — acrescentou — e até agora tem feito concertos na Costa Rica, México, Estados Unidos e este de Cuba, e o sonho maior é levá-lo ao Rio de Janeiro e a São Paulo, um desafio de maior”.        

No 20º aniversário de Cubadisco(de 14 a 22 e maio) a Feira será dedicada à música popular, e foram anunciadas as indicações de mais de uma centena de produções discográficas: Producciones Colibrí conseguiu 34, a Empresa de Gravações e Edições Musicais (Egrem) 29, Bis Music25, o selo Unicórniosete e algumas gravadoras estrangeiras e independentes também com um número importante de indicados.               

Entre os prêmios especiais figuram Tronco Viejo, do dominicano Johnny Ventura; a colação A guitarra limpia, do Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau e o CD-DVD Umbrales,do Prêmio Nacional de Música, recentemente falecido, violinista e compositor, Sergio Vitier. •

A Orquestra Sinfônica Nacional de Cuba e Bossa Nova Sinfônico do Brasil foram os atores principias do Cubadisco 2016. Na foto a cantora Rose Max, do projeto Bossa Nova Sinfônico.

O público cubano pôde desfrutar de obras de Tom Jobim (1927-1994), quem foi compositor, cantor, violonista e pianista de bossa nova, música popular brasileira e da música clássica.

O regente Enrique Pérez Mesa, da Sinfônica Nacional, significa que a agrupação que ele dirige não é alheia à música brasileira, pois inclui em seu repertório, “obrigatoriamente Villa-Lobos, Carlos Gomes, um excelente compositor, e Vinicius de Morães”.

O regente de orquestra Jeremy Fox teve um desempenho produtivo com a Orquestra Sinfônica Nacional neste Cubadisco 2016.

(Com o Granma)

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