Grécia realiza greve geral de 24 horas contra programa de austeridade do governo Tsipras


                                                                 
                                      Efe
                                     Greve geral paralisou transporte público, como o metrô


Paralisação é a primeira de 2016 e protesta contra reformas previdenciárias e de impostos; agricultores bloqueiam estradas há duas semanas
      
Os principais sindicatos da Grécia realizam, nesta quinta-feira (04/02), a terceira greve geral de 24 horas contra novas reformas de austeridade que o governo do primeiro-ministro do partido de esquerda Syriza, Alex Tsipras, pretende realizar. Esta é a primeira greve geral de 2016.

Convocada pelos dois maiores sindicatos do país, o GSEE (setor privado) e o ADEDY (setor público), a greve fechou a maior parte dos serviços públicos, como hospitais e transporte público. Além disso, alguns trechos de estradas estão bloqueadas por agricultores, incluindo as regiões de fronteira com a Bulgária e a Turquia.

Os sindicatos argumentam que o novo plano pode prejudicar a oferta de empregos e provocar demissões. A taxa de desemprego na Grécia atualmente é de 25%. Além disso, dizem que as reformas forçarão os trabalhadores, principalmente os profissionais liberais, a sonegar impostos, visto que relacionará a previdência social à renda.

Como aconteceu nas duas últimas paralisações, os movimentos sociais expressaram descontentamento com cortes orçamentários e reformas na previdência social.

Atenas anunciou que deve reduzir €1,8 bilhão até o final deste ano em gastos com a previdência social, ou o equivalente a 1% do PIB do país. Em 2012, 18% do Produto Interno Bruno era destinado à previdência.

Até o momento, já foram feitos 11 cortes nas pensões desde 2010. Os beneficiados recebem hoje 40% a menos do que recebiam há seis anos.

Essas medidas de austeridade foram acordadas há cerca de cinco meses entre Tsipras e os credores europeus para um terceiro resgate financeiro no valor de até €86 bilhões a serem entregues em parcelas nos próximos três anos.

“Não podemos viver, não podemos sobreviver com o que o governo está pedindo de nós”, disse o fazendeiro Socratis Aleiftiras ao jornal grego Ekathimerini. Ele faz parte do grupo que vem bloqueando estradas com tratores há quase duas semanas.

                                                                                                                    Efe
                                   Jornalistas também se juntaram à greve

Syriza

O partido de Tsipras, Syriza, chegou a afirmar nas primeiras greves gerais que as paralisações eram vistas com simpatia, pois se tratavam de uma mobilização contra "as políticas neoliberais e à chantagem dos centros financeiros e políticos, dentro e fora da Grécia".

Desta vez o partido não se pronunciou, mas a polícia foi enviada para conter o protesto. Manifestantes mais jovens, alguns dos quais atiravam pedras, entraram em conflito com a polícia grega, que usou gás lacrimogêneo para dispersá-los.

Em janeiro de 2015, Tsipras chegou ao poder com o discurso de que a "austeridade era coisa do passado"e prometeu fazer frente aos credores internacionais para renegociar a dívida pública.

Após um referendo, em julho, em que mais de 60% da população pediu o "não" a um acordo de austeridade, o premiê chegou a renunciar e a convocar eleições antecipadas, mas foi reeleito.

Pouco depois, fechou um acordo de resgate financeiro com a troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), em troca de medidas impopulares de cortes de gastos.

(Com Opera Mundi)

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