Granma Internacional completa 50 anos (Fui à sede do Granma mas estava fechada. Passei então à sede da Revista Bohemia, do outro lado da Praça da Revolução. Estava com uma carta de apresentação do então secretário-geral do PCB em Minas, Paulo Eliziário. Fui muito bem recebido e convidado a escrever para a publicação, o que nunca tive ocasião de fazê-lo, dada às minhas atribuições em jornais de BH.Era o ano de 1989. E o país passava por uma reestruturação. Logo depois caiu o Muro e Berlim e a União Soviética Acabou. O assunto é focalizado no livro "O homem que gostava de cachorros", de Leonardo Padura. Vale a pena ler. José Carlos Alexandre)

                                                                             
    
A Conferência Tricontinental em Havana, de cujos delegados partiu a proposta de editar esta publicação do Granma. Photo: Archivo

HÁ 50 anos nasceu o semanário Granma Internacional, em fevereiro de 1966, um mês após a reunião dos rebeldes dos três continentes: os delegados e convidados à Conferência Tricontinental que criaria a Organização de Solidariedade dos Povos de África, Ásia e América Latina (Ospaaal)

Os organizadores da Conferência solicitaram durante a etapa preparatória à diretoria do jornal Granma, na véspera de seu começo, que organizasse um grupo de tradutores e jornalistas, com o objetivo de oferecer um suplemento do jornal com as informações de seu desenvolvimento, nas três línguas que seriam usadas na reunião: inglês, francês e português, além do espanhol.

O resultado obtido com essa iniciativa foi tão satisfatório, relativamente ao sucesso atingido em sua realização, tanto nos artigos e informações quanto na circulação da publicação, que criou a necessidade de mantê-la de algum modo. 

A ideia foi bem-vinda e acolhida pela diretoria do jornal, cujo diretor na época, Isidoro Malmierca, convocou uma reunião com motivo de debater como produzir sua instrumentação, porquanto os participantes na Conferência gostaram da ideia, e ao finalizar transmitiram seu agradecimento em propostas que fizeram no contexto para que pensássemos em como dar-lhes continuidade.

A Ospaaal teve como ideia central a estratégia da unidade da luta revolucionária do Terceiro Mundo, planejada por Fidel e Che Guevara para a libertação dos países ainda sob domínio colonial e neocolonial. 

Muitos desses governos já estavam batalhando nessa direção, apesar dos obstáculos que se antepunham, especialmente as conspirações dos serviços secretos dos governos opressores. 

O semanário Granma Internacional nasceu com essa distinção, quase filho da Conferência Tricontinental efetuada em Havana, e onde todos perguntavam pelo comandante Che Guevara, quem se achava no front guerrilheiro do antigo Congo belga. Certamente ele se prontificava para viajar até a Bolívia e formar outro front de guerrilhas.

Embora aparentemente ausente, Che Guevara foi, juntamente com Fidel Castro, um dos autores e baluarte da reunião. Mediante sua posterior mensagem à Conferência Tricontinental, ele expôs a teoria e tática, chave dessa Conferência: criar um, dois, muitos Vietnãs.

Recebemos o apoio de muitos companheiros e, especialmente, da direção do Partido e de seu Departamento Ideológico.

Começamos então sob o nome de Resumo Semanal de Granma, uma das alternativas que se debatiam na reunião mencionada. Outra era a inspirada em Le Monde Hebdomadaire, com a ideia principal de que não podíamos limitar-nos ao jornal: o âmbito dessa publicação era diferente; e por tal motivo assim tinham que ser seus conteúdos, o qual foi conseguido mais tarde, quando começaram a consolidar-se as ideias da unidade da luta nos três continentes e se abriu passagem a liderança de Fidel e Che Guevara na África, particularmente a epopeia de libertação das colônias portuguesas, onde Cuba demonstrou que não eram meras palavras a disposição de derramar até nosso sangue, como tinha sido assegurado antes por Fidel, se era preciso para concluir a estratégia de libertação do Vietnã na Ásia: Cuba subsistiu na América, bem como desde abril de 1975, com Cuito Cuanavale e Cangambá, em Angola e para ajudar à independência da Namíbia.

O site do Granma Internacional foi o primeiro da imprensa cubana a aparecer na Internet, desde inícios de 1996, diante da necessidade de aproveitar as ilimitadas possibilidades dessa plataforma para fazer chegar ao mundo nossa mensagem.

Depois, o querido amigo Jesús Montané teve um papel decisivo, a partir de sua responsabilidade perto do comandante-em-chefe Fidel Castro. Montané nos enviou o amigo Robert Sajo, um canadense que nos ofereceu aluguel para nosso site em seus computadores, com a força necessária para chegar ao resto do mundo.

Dessa forma, pudemos sair ao mundo, no começo, levando nossos materiais, em disquetes, para o site Infomed, em Havana, e mais tarde mediante a via eletrônica. A acolhida foi em termos que não exagero ao qualificar de maravilhosos; em breve, tínhamos milhões de pessoas lendo nossos artigos. 

A União dos Jornalistas de Cuba nos reconheceu como pioneiros com um diploma entregue por Fidel, no Congresso dessa organização, na pessoa do então diretor do jornal Granma, Frank Agüero.

O Granma Internacional manteve-se lutando junto ao povo e ao Partido Comunista de Cuba, inclusive nos anos da crise conhecida como ‘período especial’, após o desaparecimento do bloco socialista da Europa e a União Soviética e o acirramento do bloqueio dos Estados Unidos contra a Ilha. Esses anos nos obrigaram a adotar medidas para manter o semanário em termos financeiros, tais como incluir publicidade comercial em nossas páginas.

Atualmente, editamos o semanário impresso em espanhol, inglês, francês e português, e uma edição mensal em alemão e italiano, no empenho de multiplicar nossos leitores, tanto no exterior como dentro do país, principalmente entre os milhões de turistas que visitam a Ilha cada ano. 

Ao mesmo tempo, consolidamos nossa presença nesses idiomas no site do jornal Granma, como fortaleza principal para fazer chegar a verdade de Cuba e de sua Revolução ao mundo.

(Com o Granma)

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