MST pede punição a agentes policiais que cometeram abusos em manifestação em São Paulo

                                                                       
                                                                                                                              Rovena Rosa/ Agência Brasil
                  Organizações da sociedade civil criticaram atuação da PM durante protesto da terça-feira 
13/01/2016

Da redação

Após a repressão policial ocorrida na concentração do segundo protesto contra o aumento das passagens em São Paulo, organizações da sociedade civil repudiaram a atuação da PM durante a manifestação ocorrida na terça-feira (12). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em nota, pediu "investigações e punição aos responsáveis".

No documento, o movimento lembra que protestos de rua são direito constitucional: “manifestações públicas são um direito da população e todos os espancamentos, intimidações, tiros e bombas de "efeito moral", xingamentos, prisões arbitrárias e apropriações indevidas de equipamentos de comunicação e/ou filmagem são injustificáveis e inadmissíveis”.

Nas redes sociais, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) considerou a repressão policial como “brutal”, chamando o ocorrido de “massacre”. Em sua página de Facebook, a Anistia Internacional se posicionou afirmando que “protesto não é crime”. “É muito grave que a Polícia Militar de São Paulo continue reprimindo protestos pacíficos com uso excessivo e desnecessário da força e detenções arbitrárias”, afirmou a organização de direitos humanos.

Políticos

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), também se posicionou sobre a violência ocorrida na Avenida Paulista. "Defendemos o livre direito de manifestação e repudiamos mais este ato de violência da polícia militar e do governo Alckmin . A luta contra o aumento da tarifa, também reajustada pela prefeitura de São Paulo, é legítima, necessária e garantida pela Constituição Federal", afirmou o parlamentar em sua página de Facebook.

Os secretários municipais de Cultura e Direitos Humanos se somaram aos que criticam a atuação da Polícia Militar. Eduardo Suplicy, responsável pela segunda pasta, afirmou que a atuação da PM foi “violenta” e que buscará o Ministério Público para mediar as tensões, linha já proposta pelo prefeito.

“Terei hoje novo diálogo com o Promotor de Justiça Eduardo Valério sobre a forma tão violenta com que a PM ontem reprimiu as manifestações em São Paulo. Quando o comando da PM dialogava com os representantes do Movimento Passe Livre sobre o roteiro da manifestação começaram as explosões de bombas que generalizaram os conflitos. É necessário um esforço do MP para mediar um entendimento para que não se repitam os tristes episódios de violência e se garanta o direito à livre manifestação”.

Nabil Bonduki, titular da Cultura, apontou para o fato de que a repressão desproporcional à reivindicação em torno da mobilidade urbana atinge a própria sociedade democrática.

“Como em 2013, a ação violenta e injustificada da Polícia Militar nas manifestações de rua em São Paulo está transformando o movimento contra o reajuste inflacionário da tarifa de transporte coletivo, que é um debate sobre políticas públicas, em um processo de restrição à liberdade de expressão e conflito armado. As conseqüências são imprevisíveis sobretudo em uma conjuntura em que os ataques a democracia e o apoio a praticas autoritárias crescem no país”.

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou "preocupação". "As cenas são muito incompatíveis com a cidade de São Paulo e o que a gente deseja. São Paulo é palco de manifestações, ano passado tivemos várias com 40 mil pessoas, 30 mil pessoas, sem incidentes. Nós queremos que a nossa cidade continue sendo um palco de democracia onde as pessoas possam se manifestar livremente", afirmou.

A nota do MST:

"O Movimento vê como desastrosa a ação da polícia do Estado de São Paulo contra manifestantes e a população em geral que, de forma pacífica, estava nas ruas lutando por seu livre direito de mobilização e organização na noite dessa terça-feira (12) no '2º Grande Ato Contra O Aumento das Tarifas do Transporte Público', organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL).

Os episódios de violência que tomaram as ruas da cidade e que deixaram centenas de feridos, muitos com gravidade, demonstra o despreparo dos agentes.

Partimos do pressuposto constitucional de que manifestações públicas são um direito da população e todos os espancamentos, intimidações, tiros e bombas de "efeito moral", xingamentos, prisões arbitrárias e apropriações indevidas de equipamentos de comunicação e/ou filmagem são injustificáveis e inadmissíveis.

Os fatos remetem aos episódios fatídicos ocorridos em junho de 2013 e denunciados por organizações de direitos humanos em órgãos internacionais de todo o mundo.

Esperamos que os responsáveis pelos ataques sejam identificados e punidos para que episódios desta natureza não voltem a ocorrer."   (Com o Brasil de Fato)

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