Novela global “presta um desserviço à consolidação de uma cultura de direitos humanos”, afirma Anistia Internacional



                                            

O personagem Romero Romulo, interpretado pelo ator Alexandre Nero na novela “A regra do jogo”, tem criado polêmica por conta de sua personalidade dúbia e maquinações. No entanto, para a organização Anistia Internacional, o personagem tem reforçado um estereótipo negativo em relação aos direitos humanos


Protagonista de 'A Regra do Jogo' se apresenta como advogado de direitos humanos. Entidade repudiou a forma como a profissão e organizações têm sido retratadas pela novela


Em nota, após capítulo exibido nesta segunda-feira (21), no qual Romero entra em um presídio, dizendo que está a serviço da Anistia Internacional, a organização afirma que “a representação equivocada do trabalho de defensores de direitos humanos na novela tem sido explorado de forma irresponsável e contribuindo para criminalizar o mesmo”.

Na trama, Romero é um advogado corrupto, que se finge de bom moço, mas solta presos para que eles cometam crimes para ele. A novela, segundo a Anistia Internacional, presta um desserviço à população brasileira ao deturpar a função dos profissionais de direitos humanos e a importância das organizações no país.

Crítica

“A Anistia Internacional está presente em mais de 150 países. No Brasil, sua atuação tem se focado no sobre os altos índices de homicídios entre os jovens negros moradores de periferia, que respondem por 77% dos cerca de 30 mil jovens assassinados todos os anos no país. Nada disso é pautado pela novela”, esclarece a organização.

“Embora se trate de uma obra de ficção, a novela 'A regra do jogo', ao usar o nome da Anistia Internacional - uma organização referência e atuante no país, presta um desserviço à consolidação de uma cultura de direitos humanos na sociedade brasileira”, conclui a nota.

Abaixo, confira a nota na íntegra:


"Anistia Internacional Brasil

NOTA PÚBLICA: Menção à Anistia Internacional na novela 'A regra do jogo'

A Anistia Internacional manifesta total repúdio ao uso do nome da organização de maneira indevida no capitulo da novela A regra do jogo exibido nesta segunda feira (21). Ao entrar em um presidio de segurança máxima, o protagonista da novela, Romero Romulo, interpretado por Alexandre Nero, se apresenta como advogado de direitos humanos que estaria a serviço da Anistia Internacional. A representação equivocada do trabalho de defensores de direitos humanos na novela tem sido explorado de forma irresponsável e contribuindo para criminalizar o mesmo.

A Anistia Internacional é uma organização respeitada, com 54 anos de historia, que conta com mais de 7 milhões de apoiadores que se mobilizam em defesa dos direitos humanos para todos e todas. Vencedora do Prêmio Nobel da Paz (1977) e presente em mais de 150 países, tem 95% dos seus custos financiados por doações individuais, o que permite total independência de governos, partidos, interesses econômicos, políticos e religiosos. 

No início de agosto desse ano, a Anistia Internacional publicou o relatório "'Você Matou Meu filho': Homicídios cometidos pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro”, denunciando casos de execuções extrajudiciais na favela de Acari e outras comunidades fluminenses. Desde então, vem pressionando as autoridades estaduais a adotarem medidas urgentes para garantir investigação dos casos e justiça para as famílias das vítimas, além de medidas estruturais para adequar o uso de força letal pela polícia.

No Brasil, a atuação da organização tem sido pautada pelo debate amplo sobre os altos índices de homicídios entre os jovens negros moradores de periferia, que respondem por 77% dos cerca de 30 mil jovens assassinados todos os anos no país. 

Embora se trate de uma obra de ficção, a novela A regra do jogo, ao usar o nome da Anistia Internacional - uma organização referência e atuante no país, presta um desserviço à consolidação de uma cultura de direitos humanos na sociedade brasileira."

Resposta

A TV Globo se manifestou em relação ao comunicado da Anistia Internacional, afirmando que "as novelas são obras de ficção sem compromisso com a realidade, como registramos ao final de cada capítulo. Ao recriar livremente situações que podem ocorrer na vida  real, a dramaturgia busca apenas tecer o pano de fundo para suas histórias". (Com O Brasil de Fato)

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