Pais de estudantes desaparecidos no México anunciam greve de fome em setembro

                                                                        

Leandra Felipe - Correspondente da Agência Brasil/EBC

Parentes dos 43 estudantes da Escola Rural de Ayotzinapa vão entrar em greve de fome para reivindicar informações sobre o paradeiro dos jovens desaparecidos desde setembro do ano passado, no México. A informação foi divulgada pela imprensa local no estado de Guerrero, que acompanha o velório do ativista Miguel Ángel Jiménez (foto), encontrado morto no último sábado (8) no interior de seu táxi, em Acapulco. Ele era um dos principais ativistas em busca da verdade sobre a desaparição dos estudantes e de outros casos de desaparecimento na região.

Os parentes informaram, em uma coletiva de imprensa, em Guadalajara, que vão começar uma greve de fome no próximo dia 26 de setembro, quando fará um ano do sumiço dos estudantes, em Iguala, estado de Guerrero. “Vamos fazer uma greve de fome e ir às embaixadas para mobilizar mais a comunidade internacional até que entreguem nossos filhos”, disse María Conceição Tlaltempa à emissoras de rádio e jornais locais. Ela é mãe de Jesús Giovanni Rodríguez, 19 anos, um dos desaparecidos.

Quase um ano depois do desaparecimento, os familiares têm respaldo de organizações como a Anistia Internacional e agora estão se preparando para entrar com um processo contra o governo mexicano perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Após o anúncio da morte de Jiménez, alguns pais deram declarações reforçando a intenção sobre a greve de fome e lamentando o assassinato do ativista, que em 2013 fundou uma polícia comunitária chamada de Xaltianguis, uma espécie de grupo de autodefesa, que trabalhava em paralelo, na busca de informações sobre desaparecidos na região de Guerrero.

Segundo entidades que o apoiavam, Jiménez havia descoberto cerca de 129 fossas, com seu trabalho independente, e apontado as localizações às autoridades competentes.

Jiménez foi enterrado hoje e, segundo amigos, já havia sofrido ameaças de grupos de narcotraficantes e gangues criminosas na região, por causa do trabalho de investigação que realizava. Redes locais de televisão deram destaque ao velório e enterro e contaram a história do ativista. Taxista, cansado de violência, resolveu criar uma espécie de grupo paramilitar civil para proteger a população e investigar crimes. Ele deixa seis filhos, o menor com seis meses de idade. (Com a Agência Brasil)

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