Intolerância e perseguição política: dez grandes ataques à esquerda desde 2014



Ataque nazista à sede do PSOL no interior de São Paulo, em dezembro de 2014. Foto: Divulgação PSOL Rio Preto




No último dia 30 de julho, em São Paulo, uma bomba caseira, jogada de dentro de um carro, explodiu no portão da garagem da sede do Instituto Lula, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula e seu partido, o PT, vêm sendo alvo de diversas manifestações de ódio por parte de setores da direita e da classe média. Esse ódio estende-se contra toda e qualquer pessoa, organização ou partido de esquerda, mesmo que seja crítica ou contrária às políticas do PT, porque a direita acaba relacionando, sem muito conhecimento mas impressionante esquizofrenia, o PT ao socialismo e ao comunismo, abominados por ela.

Esse ataque contra a esquerda (ou ao que está associado à esquerda no senso comum) não é um ato isolado. Desde a época das eleições de 2014 a direita brasileira vem “saindo do armário” e mostrando sua verdadeira cara, incentivada por setores religiosos e, principalmente, pelos grandes meios de comunicação.

O Diário Liberdade recorda alguns dos ataques que a esquerda vem sofrendo, sem levar em consideração as ofensas pelas redes sociais ou contra membros do governo que, mesmo não sendo de esquerda, são associados a ela pelo senso comum. Também não são listados aqui os ataques que a classe trabalhadora sofre todos os dias, seja na exploração do trabalho ou na repressão do Estado em manifestações populares, na periferia e no campo.

Militante do PT assassinado a facadas

Em meio à campanha nas eleições de 2014, Hiago Jatoba, jovem militante do PT no Paraná, foi esfaqueado em Curitiba. Ele retirava os cavaletes da campanha da então candidata do partido ao Governo do Estado, Gleisi Hoffmann, quando foi abordado e, após uma discussão, foi esfaqueado. Morreu a caminho do hospital.

Violência física e verbal contra candidata do PCO ao Governo de Minas

Enquanto caminhava sozinha em uma avenida de Belo Horizonte, a candidata do PCO ao Governo de Minas Gerais nas eleições de 2014, Cleide Donária, foi agredida física e verbalmente por uma das bandeiras de seu partido na campanha ter sido a dissolução da Polícia Militar. 

Um homem atravessou a rua e lhe deu um soco no estômago. Ela caiu no chão e sofreu uma cusparada. Ele a chamou de “prostituta” e de “negra vagabunda”, ao mesmo tempo em que esboçava sacar uma arma, mas desistiu e depois foi embora.

Sindicato de professores invadido e destruído

A subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, foi atacada e invadida em junho deste ano. Cerca de 15 homens encapuzados entraram em uma sala em que estavam reunidos professores municipais. Os invasores quebraram móveis, portas, janelas e objetos eletrônicos. O ataque ocorreu no contexto da greve dos professores da educação pública do estado de São Paulo, que já ultrapassava 80 dias de paralisação.

Dois ataques à sedes do PT no mesmo mês

Em março do corrente ano, duas sedes do PT foram vítimas de ataques terroristas no estado de São Paulo. Um, na cidade de Jundiaí, no interior do estado, incendiou parcialmente o local com a explosão de um coquetel Molotov e sua fachada foi pichada com a frase “Fora PT”. O outro atentado ocorreu no centro da cidade de São Paulo, onde o Diretório do Zonal do PT foi atingido por uma bomba caseira.

Sede do PSOL também é vítima de ataque

O Diretório do PSOL em São José do Rio Preto, no interior do estado de São Paulo, teve sua sede pichada com a frase “Temos armas e vcs?” acompanhada da suástica nazista, em dezembro de 2014. Esse foi o segundo ataque ao partido em um período de cerca de dez dias, na mesma cidade. Um militante do PSOL já havia tido o muro de sua casa pichado com a suástica e a frase “Morre cajuzinho”.

Cadeirante petista é atacado por simpatizantes de Aécio Neves

Em outubro de 2014, mês do desfecho das eleições presidenciais em que a candidata do PT Dilma Rousseff venceu o candidato do PSDB Aécio Neves no segundo turno, o blogueiro Ênio Barroso se dirigia a uma manifestação noturna em São Paulo. Ele estava na rua quando um carro com adesivos antipetistas e de campanha para Aécio parou e de lá saíram três homens que o empurraram, agrediram e hostilizaram por ele estar com uma camiseta vermelha com adesivos de campanha para Dilma. 

“Não é porque você é um aleijado comunista que não mereça uma surra pra te endireitar”, disse um dos brutamontes. Ênio é cadeirante e recentemente foi para Cuba com ajuda de amigos e simpatizantes para tratar de uma distrofia muscular congênita.

Manifestação de ódio a Luiz Carlos Prestes

Um protesto de extrema-direita ocorreu em frente ao Memorial Luiz Carlos Prestes, em Porto Alegre, em novembro do ano passado. Com cartazes como “Devemos derrubar o memorial ao comunista Prestes”, o ambiente era de muito ódio, segundo testemunhas que passaram em frente ao prédio, projetado por Oscar Niemeyer para homenagear seu camarada.

Intimidação no 1º de maio

No Dia Internacional da Classe Trabalhadora de 2014, a sede da Esquerda Marxista em Bauru, no interior de São Paulo, foi assediada por um grupo neonazista “anti-antifa”, ou seja, anti-antifascista. Foram colados adesivos na fachada do local com inscrições como “100% anticomunista”.

Homem invade apartamento para arrancar bandeiras do MST e PCdoB

Durante uma manifestação direitista contra a presidente da República Dilma Rousseff em Chapecó, no estado de Santa Catarina, em abril deste ano, um homem invadiu um apartamento que ostentava na varanda uma bandeira do MST e uma do PCdoB. As duas moradoras do domicílio registraram um boletim de ocorrência contra ele, o acusando de invasão e de agressão física e verbal. O homem sofreu a resistência das moradoras, não conseguiu arrancar as bandeiras e fugiu. Durante a tentativa frustrada, foi ovacionado pelos outros manifestantes.

Stédile sofre ameaça de morte

Em março, foi compartilhado pelas redes sociais um comunicado pedindo o líder do MST João Pedro Stédile “vivo ou morto”, oferecendo uma recompensa de R$ 10 mil para quem atendesse o pedido, apresentando-o como um “inimigo da Pátria”. O MST pediu uma investigação e punição ao autor do anúncio e às pessoas que o compartilharam, denunciando o “crime de incitação à prática de homicídio”. O suposto autor do comunicado seria Paulo Mendonça, guarda municipal de Macaé, no Rio de Janeiro. (Com o Diário Liberdade)

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