Cenas de um degelo



José Carlos Alexandre

As cerca de 500 mil pessoas que foram às ruas neste domingo em 200 cidades exigiram não só o fim da corrupção mas também medidas contra a chefia do atual governo e a punição de eventuais culpados dos últimos governos petitas.

Pelo balanço realizado até o momento (escrevo às 22h) parece que tudo ocorreu em ordem, como a melhor das democracias.

Isto apesar de entidade governista ameaçar, às vésperas das manifestações populares, recorrer às armas em defesa da atual presidente.

Engraçado, quem, no passado, ameaçava recorrer às armas eram justamente da direita, como antes do governo Goulart, em Minas Gerais, quando da criação de sindicatos de trabalhadores rurais...

O povo nas ruas demonstrou mais uma vez que a nação exige mudanças no governo. 

E mudanças para valer.

Algo que possa representar a ascensão das camadas populares, pelos seus respectivos partidos políticos e organizações da sociedade civil.

Basta de se governar para banqueiros e responsáveis pelos agronegócios.

É hora de se realizar uma séria reforma agrária, uma reforma bancária radical, a adoção de um sistema unicameral, que dê agilidade ao Legislativo e ao Judiciário.

Sem vacilações nem conciliações que salvem este capitalismo capenga mas que se julga com força suficiente para continuar explorando o trabalhador e o homem do campo.

A entrevista dada pela presidente ao SBT (cuja íntegra poderá ser assistida neste espaço) deu novo alento ao país, devido à autocrítica aparentemente sincera da entrevistada, no que tange à política econômica.

Embora insista em ver uma crise internacional que parece só os técnicos do governo enxergam.

Para convencer o povo de que não é hora de um impeachment torna-se preciso muito mais.

Mesmo porque o uso de tal instrumento requer condições não só políticas mas também jurídicas que o respaldem.

Se quiser, contudo, o governo tem forças para vencer quaisquer resistências: é só se voltar para o povo, os trabalhadores, dialogando com as oposições e com os organismos da sociedade civil.

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