70 anos do maior atentado terrorista da história

                                                                  


Fábio Martins Bezerra (*)

Hiroshima possuía em 1945 cerca de 250 mil habitantes. 40 mil pessoas morreram imediatamente a explosão e cerca de 70 mil pessoas morreram em consequência da radiação logo nas primeiras semanas. Em 09 de agosto de 1945 uma segunda bomba nuclear, a fissão de plutônio e de codinome: “Fast Man”, explodiu sobre a cidade de Nagasaki. Estes dois ataques resultaram na morte de 200 mil pessoas apenas nas primeiras semanas após os ataques.

O uso de armas atômicas no final da 2ª grande guerra (1938- 1945) inaugurou no cenário mundial um novo capítulo na história da humanidade. A era das armas de destruição em massa e consecutivamente das ameaças e do poder bélico das nações que as possuem.

Uma das dinâmicas foi a escalada sem precedentes do uso do desenvolvimento científico e consequentemente das novas tecnologias na área da física nuclear, para alimentar a indústria armamentista nos anos 60, 70 e 80 e todo um discurso ideológico sustentado na lógica da “Guerra Fria” que se justificou perante a opinião pública dos EUA e que mobilizou bilhões de dólares das reservas orçamentárias, alimentando um dos setores mais expressivos política e economicamente na economia norte-americana, o setor bélico, que possui fortes ligações com o sistema financeiro.

Mudas telepáticas

Cegas inexatas

Rotas alteradas

Como rosas cálidas

Todo o aparato bélico, desde então, tornou-se o epicentro nevrálgico da política externa estadunidense, alimentando as justificativas para os gastos militares e toda a malha industrial agregada a esse setor, o expansionismo imperialista em outras regiões geograficamente estratégicas e as campanhas eleitorais ora dos republicanos ora de democratas que mantem estreitas relações políticas com esse setor.

Um exemplo claro desse processo foi o ocorrido após a crise dos mísseis em 1962, envolvendo diretamente as duas superpotências nucleares ( EUA e a URSS) elevando a tensão e a possibilidade de uma nova guerra mundial por cerca de 15 dias. Após um acordo que envolveu diretamente Washigton e o Kremilin, a URSS retirou seus mísseis de Cuba ao passo que os EUA retirava, no mesmo período, seus mísseis da Turquia.

A partir desse episódio uma série de tratados foram sendo construídos em diversas partes do mundo, influenciados sobretudo, pelas pressões da opinião pública endossada por grande parcela da comunidade científica, mas que teve a chancela e a operação política dos EUA em especial, de modo a controlar o desenvolvimento das pesquisas nucleares- principalmente na América Latina- restringindo o acesso a essas tecnologias ou condicionando a compra de equipamentos.

O resultado final, todos sabemos; cerca de 250 mil mortes com a ocupação imperialista por mais de uma década, a desnacionalização do petróleo iraquiano através das grandes multinacionais do setor e o esfacelamento do país contribuindo com a instabilidade geopolítica local.

Da rosa da rosa

A rosa hereditária

Estúpida e inválida

A anti rosa atômica

Sem rosa, sem nada

Curiosamente, armas com material radioativo (urânio empobrecido) foram utilizados justamente pelos EUA na Guerra do Golfo e pela OTAN na guerra dos Balcãs ambos na década de 90.

Em 1978 o então presidente dos EUA Jimmy Carter, diante das informações dos serviços de inteligência veio pessoalmente ao Brasil pressionar o governo do Gal. Ernesto Geisel a desistir das pretensões nucleares, principalmente após a decisão do governo em estabelecer um pacote de intercâmbio com a Alemanha que resultou na compra de Angra I e na transferência de tecnologia para o enriquecimento do urânio.

Sobre a formação de uma nova racionalidade geopolítica a questão da posse desse tipo de armamento passou a ter valor igual ou maior do que a influência econômica local ou mesmo a potencialidade das riquezas naturais.

Desde 1945, a indústria armamentista intensificou em quantidade e qualidade destrutiva o seu arsenal. Armas químicas, biológicas, bacteriológicas, eletrônicas e mais recentemente as nanotecnológicas, possuem um poder de destruição capaz de aniquilar toda a humanidade e a biosfera. Não raro, muitos desses artefatos são utilizados em escalas variadas nos mais variados conflitos, inclusive como forma de contenção e controle de levantes civis.

(*) Fábio Bezerra é professor e membro do Comitê Central do PCB

Comentários