Repressão a japoneses no Estado Novo terá debate público dia 6/6 em São Paulo


                                                                         
Filme "Yami no Ichinichi – O crime que abalou a Colônia Japonesa no Brasil" relata a perseguição à colônia japonesa durante a ditadura Vargas, a transformação da Ilha Anchieta em presídio e, hoje, a demanda para que seja reconhecida como lugar de memória e consciência


No mês da comemoração dos 107 anos do início da imigração japonesa no Brasil, o Sábado Resistente apresentará o filme “Yami no Ichinichi – O crime que abalou a Colônia Japonesa no Brasil” (Mario Jun Okuhara, 2012, 1h22min.), que relata um episódio dramático cujas consequências marcaram profundamente a colônia japonesa no Brasil.

O documentário, fruto de intensa pesquisa, retrata a brutal repressão contra os estrangeiros que, iniciada no Estado Novo (1937 – 1945), prosseguiu no ano de 1946 sobre a população japonesa. As restrições impostas pela ditadura impediram qualquer forma de comunicação em língua japonesa, impedindo que os imigrantes tivessem conhecimento da situação do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Desta forma, uma violenta discórdia foi desencadeada dentro da comunidade japonesa no Estado de São Paulo, provocando mortes e ferimentos.

"Yami no Ichinichi" traz a saga de Tokuichi Hidaka que, em 1946, aos 19 anos de idade, foi um dos autores do assassinato do coronel Jinsaku Wakiyama, em crime atribuído à entidade Shindo Renmei (Liga dos Caminhos dos Súditos). Hidaka, que vive hoje na cidade de Marília, entregou-se à polícia com o restante do grupo e cumpriu 18 anos de prisão. Em liberdade, sofreu a punição da colônia japonesa: foi discriminado, condenado ao ostracismo, sem oportunidade para contar a sua versão.

Décadas mais tarde, Hidaka retornou ao presídio da Ilha de Anchieta, no Litoral Norte de São Paulo, para reconstruir a memória da época e encontrar o sentido da sua vida no Brasil.

Presente no evento, o prefeito de Ubatuba (SP), Maurício Moromizato, relatará propostas de preservação da Ilha de Anchieta para sua transformação em lugar de memória e consciência.

A atividade é gratuita e não é necessário se inscrever.


PROGRAMAÇÃO

14h – Boas vindas / Coordenação

Aureli Alcântara (Memorial da Resistência de São Paulo)

Maurice Politi (Núcleo de Preservação da Memória Política)

14h15 – Projeção do filme

15h30 – Debate com convidados

- Mario Okuhara (Diretor do filme, produtor e idealizador do "Projeto Abrangências" para a busca da justiça histórica dos imigrantes japoneses no Brasil, e sócio-diretor da Imagens do Japão TV e Jornalismo).

- Masayuki Fukasawa (Sociólogo e jornalista japonês, redator chefe do jornal Nikkey-Shimbum desde o ano de 2004.  Autor dos livros “Um Mundo Paralelo – a vida da comunidade brasileira de Oizumi”, que recebeu o prêmio de melhor livro de não-ficção em Concurso Literário, em junho de 1999, e “Se o grão de arroz não morre – centenário da colonização japonesa no Vale do Ribeira”, em outubro de 2014).

- Maurício Humberto Fornari Moromizato (Prefeito de Ubatuba. Foi presidente da ACDU (Associação de Cirurgiões Dentistas de Ubatuba), do COMUS (Conselho Municipal de Saúde de Ubatuba) e do PT (Partido dos Trabalhadores) de Ubatuba. Eleito vice-presidente da FNP – Frente Nacional de Prefeitos para cidades de 50.000 e 100.000 habitantes. Atualmente é vice-presidente da FNP para Economia Solidária e presidente reeleito do CBH-LN – Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte).

- Sandra Akeni Kishi (Procuradora Regional da República – PRG. Graduada em Direito pela USP em 1991 e mestre em Direito Ambiental pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) em 2003. Tem publicado artigos e participado como palestrante, debatedora e coordenadora de seminários na PGR).


Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.

Comentários