Julgamento a Operação Condor na Argentina entra em fase final


O julgamento por crimes de lesa humanidade cometidos na Argentina durante o terror da Operação Condor, que se desenvolve nesta capital com 18 militares acusados, entrou em sua fase final.

O processo começou em março de 2013 e envolve, entre outros, os ex-generais Reynaldo Benito Bignone, Santiago Omar Riveros e o oficial uruguaio Manuel Cordero, quem se desempenhou como vínculo entre seu país e a Argentina.

Em suas audiências, o julgamento reuniu quase 200 depoimentos e foram analisados documentos governamentais, lembra a jornal Página 12 em uma entrevista ao advogado Jaime Nuguer, quem representa o demandantes da causa aberta em 1999.

Espera-se que nesta quarta-feira processo complete os pedidos de condenações.

A Operação Condor foi o nome que recebeu a partir de 1975 a coordenação das forças repressivas do Cone Sul para a perseguição e eliminação de militantes políticos que estavam fora de seus países de origem.

O processo tem um enorme peso simbólico dado que as investigações trabalharam não só a reconstrução dos fatos e do plano como tal, mas que procuraram provar o conhecimento e apoio dados pelo governo dos Estados Unidos, indica o Página 12.

Este julgamento foi aberto com uma primeira denúncia em novembro de 1999, período no qual estava em andamento também a causa pelo roubo sistemático de crianças. Ainda estavam vigentes as leis de impunidade, por isso aproveitaram as brechas jurídicas que essas leis não puderam bloquear.

Nuguer recorda que tinham apenas um documento desclassificado quando começou o processo. O documento pertencia ao departamento de Estado estadunidense, e havia sido enviado pelo agente especial Robert Scherrer ao FBI a partir da embaixada norte-americana em Buenos Aires, em setembro de 1978.

O relatório é uma síntese completa sobre a Operação Condor e diz basicamente que estava constituída por Chile, Argentina, Brasil, Uruguai e Bolívia para combater os opositores políticos e localizar alvos, perseguir, torturar e matar inclusive no exterior.

Serviu para descrever um plano no qual os Estados Unidos aparece como alheio e como quem simplesmente sabe.

Isso mudou - afirma o advogado - a partir de 1999 e 2000, quando os Estados Unidos abriu os documentos do Chile e da Argentina, permitindo que milhares de documentos saiam a luz e mostrem um papel diferente desempenhado pelo governo norte-americano.

Para Nuguer, este julgamento mostra a responsabilidade individual dos processados sobre sua participação nessa associação para o delito chamada de Operação Condor, no sequestro, morte e desaparecimento das vítimas.

Além disso, demonstrou que efetivamente os Estados Unidos teve participação ativa na concreção do plano; participou, conheceu, pressionou, instigou para que fosse feito e depois facilitou as comunicações e as controlou, argumenta o advogado. (Com Prensa Latina)

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