Repórter-fotográfico agredido quando cobria ato contra o governo

                          
Beto Novaes, do jornal “Estado de Minas”, foi agredido fisicamente neste domingo, dia 12,  quando cobria uma manifestações contra o governo federal, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte(MG). O motivo seria uma suposta semelhança física com o ex-presidente Lula.

A agressão teria iniciado quando uma manifestante pediu para ser fotografada por Beto Novaes, e comentou que a fisionomia dele lembrava a de Lula por causa da barba e dos cabelos.

Após ouvirem o comentário, quatro homens ordenaram que o fotógrafo se retirasse do local e o agrediram com chutes e palavras ofensivas.  Beto Novaes não conseguiu registrar imagens da agressão, mas o cartunista Quinho, colega do fotógrafo, confirmou o ataque.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais (SJPMG) afirmou em nota oficial  “que tomará as medidas necessárias para que os agressores sejam identificados e punidos, e ressaltou que “democracia, tolerância e respeito são palavras que os manifestantes que saíram às ruas de Belo Horizonte desconhecem”.

Em entrevista ao jornal “O Tempo”, Beto Novaes disse que em 30 anos de carreira, jamais enfrentou uma situação como esta. que costuma ser  comparado a Lula, e que várias pessoas pedem para serem fotografadas ao lado dele devido à semelhança. Contou ainda que após o ataque, os agressores disseram que ele não estava trabalhando, e que tinha ido à manifestação fantasiado de Lula.

Leia abaixo a íntegra da nota assinada pelo SJPMG e pela Associação Profissional  dos Repóteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais (Arfoc-MG):

“O Sindicato dos Jornalistas e a Arfoc MG vêm a público expressar seu veemente repúdio às agressões sofridas pelo repórter fotográfico Beto Novaes, do jornal Estado de Minas, neste domingo (12/4/15) e afirmar que farão todos os esforços para que este ato covarde não fique impune. Não é a primeira vez que um profissional da imprensa no exercício do seu trabalho é vítima de manifestantes, uma prática que nos últimos anos tem se tornado cada vez mais comum. Ontem, além de Beto Novaes, também foram hostilizados repórteres e outros veículos.

Não importa de onde venha, a agressão a um jornalista que está trabalhando é inaceitável. Cidadãos que exercitam seu direito de manifestação e de protesto precisam aprender a distinguir entre os donos dos veículos de imprensa e os profissionais que para eles trabalham. O repórter fotográfico Beto Novaes foi agredido pelo simples fato de ter semelhança física com o ex-presidente Lula, semelhança que, ao longo da sua carreira, muitas vezes gerou risos e descontração, e pela primeira vez provoca uma agressão. Para o SJPMG e a Arfoc é hora de dar um basta às agressões contra jornalistas.

Com este objetivo, o Sindicato e a Arfoc entraram em contato nesta segunda (13/4/15) com a Procuradoria de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual e com a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para pactuar procedimentos para tratar desta e de outras agressões ocorridas em Minas. Será realizada uma audiência conjunta entre representantes do Ministério Público e da Assembleia com as entidades representativas dos profissionais da imprensa.

Todos os relatos de que o Sindicato e a Arfoc têm conhecimento serão encaminhados para investigação. Pedimos a todos os jornalistas que conheçam casos ainda não relatados que se manifestem, procurando seu Sindicato. Basta de agressões! Respeito ao trabalho dos jornalistas e à democracia!

Diretorias do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais”

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Arfoc-MG:

“Roraima. Numa área isolada, agentes da polícia federal e soldados do exército reunidos em operação conjunta para procurar e destruir campos de pouso clandestinos receberam um aviso do delegado: o presidente vem em pessoa verificar os trabalhos. Todos se posicionam, e poucos minutos depois pousa um helicóptero. Desce o presidente. Soldados e agentes mantém a linha, mas estranham: de bermuda e colete de fotógrafo? Na dúvida, batem continência. Betão não segura o riso e todos acabam sacando a brincadeira.

Beto Novaes, fotógrafo autoditada que saltou de motorista a repórter fotográfico, com passagens brilhantes por jornais de Belo Horizonte, está mais que acostumado a ser confundido com o ex-presidente e tem centenas de casos pra contar. Mas no domingo, dia 12, durante cobertura do ato contra a corrupção em manifestação na Praça da Liberdade, a semelhança com Lula fez com que Betão fosse agredido enquanto exercia seu ofício.

“Durante o ato várias pessoas, a maioria em tom de brincadeira, me avisavam pra ter cuidado. Quando passei pelo Xodó (lanchonete tradicional da capital mineira) uma senhora de Brasília pediu pra fazer uma foto comigo. Quando o marido se preparava pra fazer o clique uma turma de 4 ou 5 jovens chegou me chutando e falando que eu estava fazendo aquilo de propósito, que meu lugar não era ali. Imediatamente fui embora e entrei no carro do jornal. Em 30 anos de carreira, foi a primeira vez que sofri uma agressão”, relatou Beto Novaes.

Quem conhece essa figura de fala calma, bom humor e alma doce sabe a tristeza que dá de saber que alguém pode bater nele por motivos tão idiotas. Felizmente, Betão passa bem. Seu jornal soltou uma tímida nota no rodapé da terceira página, apenas hoje, enquanto os concorrentes já haviam publicado online no dia do ocorrido. TVs e jornais nacionais estão correndo atrás da história, e esperamos que os cretinos sejam identificados e punidos. Nossa indignação não é apenas enquanto profissionais, mas sim como seres humanos, gente, povo, classe média, o que seja. É uma triste ironia que pessoas que pedem democracia e liberdade agridam alguém por sua aparência física.

ARFOC – MG”

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