Fórum Social Mundial encerra atividades homenageando a luta do povo palestino

                                             

Milhares de pessoas se reuniram no centro da capital tunisiana para pedir a suspensão do bloqueio à Faixa de Gaza e a criação do Estado palestino

Simone Freire
Especial à Página do MST


Com intuito de construir estratégias efetivas de solidariedade à Palestina, a última edição do Fórum Social Mundial, em Túnis (Tunísia), realizou dezenas de atividades e trocas de experiências sobre a realidade no Oriente Médio.


O encerramento do evento, que ocorreu neste sábado (28), também foi dedicado à Palestina, e milhares de pessoas se reuniram no centro da capital tunisiana para pedir a suspensão do bloqueio à Faixa de Gaza e a criação do Estado palestino.


A realidade das mulheres, a violência, os direitos, a juventude, o papel de Israel na repressão mundial e dos chefes de Estado nos avanços das negociações, bem como as formas de resistência do povo, deram caldo às discussões durante os cinco dias do FSM, na Universidade El Manar.


Houve presença massiva de pessoas de todo o mundo. Com a sala totalmente lotada, muita gente chegou a ficar de fora, por exemplo, da mesa de debate “De Ferguson à Palestina. Nos não conseguimos respirar!”, cujo intuito era discutir as ocupações militares e o genocídio da população.


Os corriqueiros bloqueios e ataques ao território que destroem a infraestrutura da região e restringem, por exemplo, o acesso à água e medicamentos, tornam cada vez mais urgente o surgimento de mecanismos e ações que busquem acabar com qualquer tipo de violência.


“A realidade da Palestina não poderia ser pior. A realidade do Oriente Médio não poderia ser pior. Eu também não sei quando foi melhor. Gaza está cercada, o bloqueio continua e daqui a pouco Israel ataca novamente sob algum pretexto, geralmente, antes de eleições”, explicou o cartunista Carlos Latuff, em entrevista durante o FSM.


Para o cartunista, a situação se complica ainda mais a partir do momento em que a Palestina “é uma das causas mais boicotadas no planeta”. A explicação para que o conflito continue se arrastando por tanto tempo, segundo ele, é puramente econômica.


“Nesta divergência, quem ganha mais com isso? Você lucra mais com a paz ou com a guerra? Graças a esta ideia de que existe um inimigo - de que existe um palestino, um iraniano, o ‘marciano’, um comunista - graças a esta ideia Israel recebe dinheiro de Washington. Se tem paz e não tem inimigo, o dinheiro para de vir”, disse.


A preocupação com os conflitos no Oriente Médio sempre permearam os debates no FSM. Na ultima edição, por exemplo, o evento também foi encerrado em homenagem e apoio aos palestinos.


Questionado se o FSM cria mecanismos e ações futuras efetivas de resistência, Latuff avalia que a atividade internacional dos movimentos sociais garante, pelo menos, um intercâmbio valioso de discussão.


“O Fórum aconteceu e se discutiu objetivamente a questão palestina. Só pelo fato de você criar este precedente é importante. Se a partir disto vai criar um efeito prático depende única e exclusivamente do poder de organização e realização dos grupos que ali estavam”, avaliou.


O Fórum Social Mundial ocorreu entre os dias 24 e 28 de março e contou com a participação de cerca de quatro mil organizações de mais de cem países. (Com o MST)

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