Como jornalista tenho o dever de levar a verdade aos leitores. Vejam esta história.

 

REDE GLOBO – MINAS COMO LABORATÓRIO DE PESQUISA  

                 NO CAMPO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INSTITUCIONAIS.

                                                                               Jurandir Persichini Cunha

   Coordenador de marketing institucional e organizador de eventos da Rede Globo Minas - 73 a 82.


   Não é por nada não! Mas vocês não consideram relevante que a Rede Globo Minas poderia ter valorizado, na comemoração dos 50 anos, o que foi vanguarda e  pioneirismo no País, além de destaque e reconhecido pelos dois executivos da época - Boni e Valter Clark - como LABORATÓRIO DE PESQUISA NO CAMPO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COMUNITÁRIOS, por intermédio do desenvolvimento de  Projetos SALÃO GLOBAL DE INVERNO, OLIMPÍADA OPERARIA GLOBAL, OLIMPÍADA UNIVERSITÁRIA GLOBAL, VESTIBULAR GLOBAL, PERSONALIDADE GLOBAL E CAMPANHA DA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL?

   Foram tantos projetos exitosos realizados pela Rede Globo em Minas, dentro do conceito que foi considerado "Laboratório de Prestação de Serviços Comunitários" que fica difícil entender o desprezo que a matriz sediada no Rio de Janeiro, dividida com São Paulo, relegam ao segundo plano uma praça tão importante, sob ponto de vista sócio cultural e publicitário, deixando no esquecimento, tantas promoções desenvolvidas no auge da ditadura, mesmo que nós, os profissionais envolvidos corrêssemos o risco de sermos punidos ou presos (no meu caso fui demitido por contrariar as ordens da Ditadura, como também respondi processos na Polícia Federal) e que marcaram época e que também foram muito importantes no cenário sócio cultural como forma de resistência aos rigores do despotismo. 

O que consideramos uma ingratidão pois os feitos – quer queira, ou não, proporcionaram muitos dividendos institucionais à Emissora em todo o Brasil na década de 70.

Frustrante e desalentador também é constatar que, mesmo realizando tantos projetos sócio/culturais e institucionais - e que deram enorme visibilidade e credibilidade à Emissora durante a sua implantação em Minas Gerais - não impediu que eu fosse demitido no dia 1º de maio de 1982, no Mineirão, em plena Ditadura, quando eu executava a Abertura da Olimpíada Operária Global. Disseram que fui demitido por não permitir que o General Figueiredo fizesse proselitismo político, uma vez que esse ditador queria ler uma mensagem mentirosa e demagógica, tentando se assenhorar de uma ação feita por nós, assessores/organizadores daquela promoção.

A bem da verdade, tínhamos plena consciência da importância daquele momento histórico em que dedicávamos nossos esforços e enfrentávamos barreiras de censura, e estávamos comprometidos com o dever revolucionário de fazer uma Festa para o TRABALHADOR! E não permitiríamos que aproveitadores usassem de nosso esforço para nos engolir. 

Como resultado de nossa “ousadia”, naquele mesmo dia, horas depois dessa missão exaustiva e de muita dedicação ao trabalho, tive o dissabor de, ao retornar à minha residência, ver que minha casa fora invadida e, na minha sala de visitas estavam: um coronel do Exército - ajudante de ordens do presidente João Figueiredo; o chefe de Departamento Pessoal de Rede Globo – um "puxa saco" da Ditadura; e um coronel da reserva do Exército, outro "puxa saco" que trabalhava no SESIMINAS.

Lá estavam para me entregar a carta de minha demissão e me disseram que não poderia mais entrar na Globo, nem para apanhar meus pertence pessoais.  Tudo isso em total desrespeito ao meu lar, sendo que, além de tudo, fizeram isso na frente de minha esposa e de meus filhos bem pequenos. Do lado de fora do prédio estavam viaturas do Exército de da Polícia de prontidão, armados para prender um “subversivo”. Era a represália por eu ter impedido mais um ato de truculência do regime militar.

   Tudo isto está incrustrado à narrativa de minha vida e de minha história ... de minha formação acadêmica e profissional.  Hoje, passados alguns anos, recorrerei à Comissão de Anistia com um recurso para rever meu processo no Ministério de Justiça, pois, quando me julgaram me foi dito que a REDE GLOBO era uma empresa particular e que poderia demitir seja lá quem fosse pela CLT. E, mesmo que contestasse tal procedimento, não havia recebido, até hoje, por parte da Comissão de Anistia, a revisão de que teria direito, ou seja corrigido os valores atribuídos.

   Mas agora, com a declaração da GLOBO confessando e admitindo pedir perdão por ter sido conivente e subserviente à ditadura civil-militar, devo imaginar que haverá a possibilidade de ter a oportunidade de ser julgado por uma outra Turma do MJ, quem sabe mais accessível à contextualização dos fatos e coerente com a Verdade e justa na avaliação.

Comentários

Anônimo disse…
Neste 1º de maio dia está fazendo 33 anos que fui demitido pela Rede Globo Minas, exatamente quando coordenava a Abertura da OLIMPÍADA OPERÁRIA NACIONAL GLOBAL no Mineirão. O motivo foi porque não permiti que o ditador de plantão, general Figueiredo, usasse da palavra para fazer demagogia na Festa do Trabalhador. Do lado de fora de meu prédio viaturas do exército e do Dops estavam de prontidão para prender um "subversivo".
Persichini