O Camarada Nestor Veras

                                                                     
José Carlos Alexandre

Eu convivi durante um período da ditadura com Nestor Veras (ou Vera). 

Na verdade já o conhecia de 1961, quando da preparação do I Congresso Nacional dos Camponeses (ou Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil,  que se realizou no antigo prédio da Assembléia Legislativa, na Rua Tamoios. 

Quando voltamos a nos encontrar ele havia se tornado o Camarada Wilson. 

Um grande camarada, ainda conservando sem se identificar oficialmente o cargo de diretor da Contag, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. 

Para não dizer muito,Wilson foi um dos responsáveis pelo êxito da primeira comemoração unitária do Dia do Trabalhador em Minas Gerais depois da ditadura, com o auditório da então Secretaria de Saúde lotado. 

Nós do PCB fizemos intensa preparação, com Wilson na coordenação.

Um dos companheiros sindicalista estava oficialmente na direção das manifestações, o Camarada Hélio Salvador de Azevedo, já falecido. 

Os oradores previstos, discursaram . 

Só ao final os radicais decidiram que todos deveriam sair para as ruas. 

Aí não deu mais. A polícia acabou intervindo. 

Mas o 1º de Maio de 1968 ficou na história como o desafio mais importante à ditadura no 
Estado, junto com as greves em Contagem.

Depois  chegou dezembro e o AI-5...

O regime se fechou mais até que o povo organizado nas Diretas Já! confrontou o arbítrio e conquistou a eleição de Tancredo. 

O resto é conhecido. 

O último ditador que não gostava de cheio de povo, saiu pela porta dos fundos...

Wilson foi sequestrado na avenida Olegário Maciel , torturado e morto pela ditadura,em pleno governo que anunciava uma falsa "abertura lenta e gradual".

Hoje Wilson ou Nestor Vera é parte da história do Brasil e da América Latina, livre da tirania. 

Sua história deveria fazer parte para sempre dos currículos escolares e da história dos movimentos sociais.


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