Tabaré Vázquez seguirá política de integração da América Latina

                                                                           
Com 100% das urnas apuradas pela Comissão Eleitoral na madrugada de segunda-feira (1º/12), Vázquez somava 56,6% dos votos válidos para suceder seu correligionário José "Pepe Mujica", que voltará ao Senado uruguaio. Seu adversário neste segundo turno eleitoral, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, obteve 43,4% dos votos e já reconheceu o resultado e parabenizou o presidente eleito.

A participação no pleito foi inferior ao nível histórico de 90%, segundo projetou a Justiça Eleitoral do país. A taxa de comparecimento eleitoral foi afetada, de acordo com o ministro da Corte Eleitoral Gustavo Silveira, pelas fortes chuvas que alagaram algumas localidades no interior do país e obrigou a realização de algumas modificações nos circuitos eleitorais.

No final da noite, com base no resultado de pesquisas de boca de urna, Tabaré já comemorava pelo Twitter.

Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, da Argentina, Cristina Kirchner, e de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, parabenizaram, em suas respectivas contas no Twitter, Tabaré pela vitória.

Em 26 de outubro, no primeiro turno do pleito, a FA obteve 47,9% dos votos e esteve perto dos 50% que lhe permitiria ter vencido a presidência de maneira direta. Por essa razão, Tabaré anunciou que irá propor uma reforma constitucional para impedir a realização de um segundo turno quando a diferença entre os partidos no primeiro turno dê não dê margens para a vitória do outro candidato.

O PN conquistou 30,9% no primeiro turno e, apesar de Lacalle Pou receber o apoio do Partido Colorado, que somou 12,9% no primeiro turno, ficou sem margem para apelar e tentar tirar a esquerda do poder.

Futuro

Pouco antes de votar, Vázquez, que já havia governado o país entre 2005 e 2010 e voltará o cargo a partir de 1º de março de 2015 até o ano de 2020, afirmou que convocará um "grande encontro nacional para analisar (com os demais partidos políticos) temas econômicos, políticos e sociais para entre todos desenhar o Uruguai do futuro". E anunciou sua vontade de "ajudar a impulsionar" a integração na América Latina que qualificou como "muito importante" para toda a região.

Apesar do favoritismo, para conseguir a vitória no segundo turno, Vázquez buscou os eleitores e militantes dos partidos de oposição, em especial, os "wilsonistas" do Partido Nacional e os "batllistas" do Partido Colorado. Dentro desses dois partidos tradicionais, ambas as correntes são as mais sensíveis às propostas da esquerda, e Vázquez tratou de enviar sinais assegurando a esses grupos a continuidade da política econômica em seu governo.

Pepe Mujica

O atual presidente José "Pepe" Mujica, que deixará o poder em março de 2015, uma vez que a reeleição é proibida no país, passará a atuar como senador. Ele encabeçou a lista da Frente Ampla para o cargo nas eleições legislativas de outubro.

Mujica, que assumiu a presidência em 2010 e deixa o poder com 64% de aprovação, não deixará a política. Em entrevista concedida à Televisão Nacional do Uruguai, ele afirmou que favorecerá uma transição fluida ao futuro mandatário e vai contribuir com o que for necessário.

"Assim, não sirvo para velho aposentado retirado em um rincão acariciando lembranças. Enquanto meus ossos e o chassis responderem, vou fazer tudo o que puder porque ainda restam muitas injustiças. E vou seguir lutando por isso, porque o prêmio não está no final, mas no caminho", afirmou.

Ele disse ainda que em sua opinião, o novo executivo terá que seguir lutando pela justiça social e seguir trabalhando para eliminar a pobreza.

Como outra prioridade, ressaltou um eventual acordo de todo o Mercosul pela navegabilidade em condições internacionais seguras, o que "significaria assegurar que Bolívia e Brasil utilizem os portos uruguaios".

Entre as questões que o fizeram mundialmente conhecido estão o estilo de vida simples que adota, as críticas ao capitalismo e comunismo e as leis consideradas progressistas adotadas em sua gestão: a despenalização do aborto, o matrimônio homossexual e a legalização do cultivo, distribuição e comércio de maconha. (Com Opera Mundi)

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