Meu recado

                                         

Show de horrores

José Carlos Alexandre


A entrevista do professor de Direito Internacional da USP Pedro Dallari ao Observatório da Imprensa deixa muito claro que o país viveu, no período da ditadura cívico- militar de 1964, um verdadeiro "show de horrores" nos porões oficiais.

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade deverá entregar dia 10 à presidente Dilma Rousseff as conclusões dos trabalhos.

Um dos pedidos será  que seja criada uma  espécie de Secretaria de um Passado Recente, nos moldes da criada no Uruguai, para que as investigações sobre violações aos Direitos Humanos  tenham sequência.

Pedro Dallari acha que o ano que se avizinha deve ser o grande momento para que os trabalhos da CNV, das comissões estaduais e municipais, as Universidades e a imprensa sigam com as apurações.

A grande frustração dos membros da Comissão, apontou o jurista, foi com relação aos desaparecidos.

Neste sentido não houve colaboração que se esperava por parte dos comandos das Forças Armadas, disse o professor doutor Pedro Dallari.

Não foi possível saber o que aconteceu com cerca de 200 "desaparecidos" políticos, 70 deles, no episódio que passou à história como "A Guerrilha do Araguaia".

Sim, houve forte emoção quando a CNV conseguiu apurar o "desaparecimento" de Epaminondas de Oliveira, no Maranhão, cujo corpo foi entregue à sua família.

Foi o único caso conseguido apurar pela Comissão da Verdade.

Aqui em Minas fica o suspense em torno das investigações sobre o "desaparecido" Nestor Veras".

O sindicalista e membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro foi sequestrado à entrada de uma farmácia na Avenida Olegário Maciel, esquina com a Rua Tupinambás.

Pior é que só se teve notícia dele nas entrevistas de um ex-delegado de polícia, Cláudio Guerra, ao divulgar livro que escreveu,

Guerra revela que deu um tiro de misericórdia em Nestor Veras que estava  agonizando depois de torturas...

E que seu corpo teria sido jogado no caminho entre BH e Itabirito...

A Comissão da Verdade de Minas Gerais vai apresentar seu relatório durante união na OAB , dia 9 às

18h.

Espero que ansiedade o capítulo relativo ao Nestor Veras. Ou Vera, seu verdadeiro sobrenome.

Espero mais: que se abra caminho para que se apure o que ocorreu com os demais desaparecidos.

Além de se partir para a divulgação oficial dos nomes dos culpados, que se mude, se for o caso a Lei da Anistia.

E que a Justiça possa ser acionada para que jamais voltem a ocorrer violações de direitos humanos deste ou de quaisquer outros portes.

Comentários