Cometa estudado pelo robô Philae foi descoberto por soviéticos

                                                          

           O estudo do corpo cósmico está sendo realizado pelo robô (Philae Foto: esa.int)


Ter-Gazarian, especial para Gazeta Russa


Exatamente há 45 anos, no dia 23 de outubro de 1969, Klim Tchuriumov descobriu um novo corpo celeste ao examinar as imagens do cometa 32P/Comas Solà obtidas por sua aluna, Svetlana Guerassimenko, no Instituto Astrofísico de Alma-Ata. Agora, o estudo do corpo cósmico está sendo realizado pelo robô Philae, que virou manchete de todos os noticiários do mundo recentemente.

Em 1969, o astrônomo soviético Klim Tchuriumov descobriu um novo cometa ao lado da sua aluna de pós-graduação Svetlana Gerassimenko. Mais tarde, em homenagem aos seus descobridores, o cometa foi batizado com os sobrenomes deles. Hoje, o mundo inteiro está acompanhando atentamente a pesquisa que está sendo realizada no Tchuriumov-Guerassimenko pelo robô Philae, que pousou no cometa.

Os cientistas esperam que graças a essas pesquisas, eles serão capazes de testar a hipótese da possibilidade do transporte de água e macromoléculas orgânicas do espaço para a Terra. As últimas pesquisas realizadas pelo Philae confirmaram muitas hipóteses propostas por Klim Tchuriumov elaboradas ainda na década de 1970. 

Uma descoberta feita por acaso
                                                
                                                      
Há 45 anos, no dia 23 de outubro de 1969, Tchuriumov descobriu um novo corpo celeste ao examinar as imagens do cometa 32P/Comas Solà obtidas por sua aluna, Svetlana Guerassimenko, no Instituto Astrofísico de Alma-Ata. (Foto: divulgação)


Bem no canto de uma das fotos havia um pequeno fragmento. No início, os cientistas acreditaram se tratar de uma parte do cometa Comas Solà. Mas durante o exame do restante das fotos descobriram que o “fragmento” se movia segundo a sua própria trajetória, ou seja, era um corpo celeste independente.

Ao cometa foi atribuído o índice 67P, que indica tratar-se do 67º cometa de curto período, ou seja, que apresenta um período orbital, em torno do Sol, inferior a 200 anos.

Os cálculos precisos de Tchuriumov e Guerassimenko permitem que hoje os cientistas continuem a estudar a composição do núcleo do cometa com a ajuda do robô Philae.

Um dos resultados que já era esperado foi o fato de que as amostras da atmosfera e do solo da superfície obtidas pelo Philae revelaram a existência de compostos orgânicos no cometa. Agora, os cientistas estão analisando os dados para determinar a composição exata dos compostos descobertos.

A difícil jornada

O voo até o cometa se revelou muito mais complicado do que parecia no início. De acordo com o planejado, em 2004, um ano após o lançamento, a sonda espacial Rosetta, contendo o módulo Philae, deveria fazer três manobras gravitacionais dentro da órbita Terrestre e mais uma junto à Marte. Tais manobras permitiriam atingir a velocidade necessária para que o aparelho pudesse alcançar o cometa Churiumov-Guerassimenko e sem grande esforço seguir ao lado dele ao longo de vários meses.

As manobras habilitaram a Rosetta não só a pegar velocidade, mas também a voar muito perto dos asteroides Steins e Lutetia, obtendo fotos exclusivas das suas superfícies e um grande volume de novas informações científicas.
                                                      
Em seu percurso em direção ao Tchuriumov-Guerassimenko, a sonda Rosetta voou 6,4 bilhões de quilômetros e deu cinco voltas em torno do Sol. Em maio deste ano, os astrônomos da Agência Espacial Europeia efetuaram a última das dez manobras planejadas para todo o período de voo e começaram o nivelamento da velocidade juntamente com a trajetória da aeronave. Esse trabalho de joalheiro foi realizado de forma impecável e a Rosetta se aproximou ao máximo do cometa.

Os primeiros dados já confirmaram os cálculos de Tchuriumov e Guerassimenko: a massa do cometa é de 1.013 kg e o período de rotação de 12 horas e 24 minutos.

A sonda Rosetta irá se mover junto com o cometa por mais de um ano. Durante este tempo, os cientistas esperam obter o máximo possível de informações sobre esse corpo celeste. Por enquanto, estão apenas atualizando os dados obtidos por Tchuriumov e seus seguidores enquanto estudavam o cometa a partir da Terra.
                                                         
                                                                                        Foto: esa.int

A questão fundamental que preocupa os cientistas é se realmente foram os cometas que trouxeram água e organismos primitivos para a Terra. Tchuriumov, que este ano completou 77 anos, acredita que a escolha do cometa para estudar a questão foi ideal. Atualmente, o cientista leciona na Universidade Estatal de Kiev, continua com suas atividades científicas e, ao mesmo tempo, gerencia o planetário de Kiev. (Com a Gazeta Russa)

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