Trincheira do Flávio Anselmo

A COPA DO BRASIL É NOSSA, COM OS MINEIROS NÃO HÁ QUEM POSSA.
                                                                               
                                                         

EU TINHA QUE VIVER essa prorrogação  concedida pelos Céus pra participar de uma quarta-feira tão maluca quanto esta última. Os jogos corriam e, apesar do entusiasmo das duas torcidas, nada prognosticava a final mineira da Copa do Brasil. O Galo levara dois gols no Maracanã e aqui, logo de início, tomou outro. A vantagem do Flamengo deu enorme salto: o Galo precisaria de quatro gols, como no jogo contra o Corinthians. Dizem que raio não cai no mesmo lugar por duas vezes seguidas, no caso do Galo tem caído.

Na Vila Belmiro, debaixo de muita chuva, o Cruzeiro encheu de esperanças a China Azul ao fazer 1 a 0. Porém, os endiabrados meninos do Peixe infernizaram a vida da Raposa e viraram pra 3 a 1, ou seja, como o Cruzeiro havia vencido no Mineirão por 1 a 0, estaria fora com este placar.

Pra complicar, neste período, perdeu Dedé por lesão e Marcelo Pacote mandou Bruno Rodrigo, que não jogava há quatro meses, pra campo. Os cruzeirenses erravam passes e tomavam contra-ataques. A coisa estava feia.

Tudo começou a ficar diferente aos 35m nos dois jogos e terminou sob intenso foguetório madrugada a dentro: Galo fez 4 a 1 no Flamengo e levou a vaga. O Cruzeiro virou pra 3 a 3 e tirou o pão da boca do Peixe que já comemorava a vaga. A única diferença é que os paulistas comemoraram antecipadamente, e os cariocas, após as mudanças de Levir Culpi, as entradas de Marion, Dodô e Donizete, pararam de respirar porque a pressão atleticana não deixou.

E TOME RAIO - Não me falem mais que 2 a 0 contra, lá fora, é placar ruim pro Galo. Nem 3 a 0, no agregado, com o terceiro gol feito aqui no Mineirão ou no Independência. O Galo de Levir Culpi virou um especialista em reverter os mais complicados resultados adversos, empurrado pela mística do grito "Eu Acredito", de sua fanática torcida. De novo, nesta quarta-feira passada, o esforço e o denodo dos rapazes atleticanos foi épico.

Com apenas um volante, Josué, pois precisava de gols, o Galo entrou resoluto. Estava escalado do jeito que a Massa gosta: Galo Doido, Vingador, de Peito Aberto.  e sangue nos olhos e amor nas veias.

A torcida era um coro uníssono: eu acredito. O time ia no embalo, mas com tanto apetite que acabou por tomar perigoso gol. Mas antes encheu o estádio de emoção: no primeiro minuto já perdia gol, com Carlos, numa cobrança de lateral de Marcos Rocha.

DARONCO DE NOVO - Aos cinco minutos, Carlos sofreu pênalti ignorado por aquele Robô Parrudo Gaúcho, o tal de  Daronco, que otrodia mesmo meteu a mão no Cruzeiro, anulando seu segundo gol contra o Santos. O Fla deu troco e Eduardo Silva quase fez 1 a 0, sendo travado por Rocha. Aos 31m, grande jogada do menino Luan pela direita que Tardelli dominou, driblou e chutou na trave, livre, livre.

Então veio o susto: aos 33m, o bom atacante Everton passou por Josué, dátolo e Léo Silva pra fazer 1 a 0, com um chute forte no canto baixo de Victor. Flamengo, 1 a 0. A festa rubro-negra acabou ali.

Cheio de raiva, o Galo Doido partiu pra cima e aos 41m, Douglas Santos levantou pra área, a bola passou por Léo Silva e Carlos mandou de canela para as redes cariocas - Galo 1 x Urubu 1. 
PRESSÃO AUMENTA - Na fase final, o Galo botou mais lenha na fogueira, aumentou a temperatura da panela de pressão, e o Urubu perdeu o rumo. Aos 11m, Luan fez boa assistência para o desaparecido Maicosuel, que chutou forte e marcou a virada: Galo 2 a 1.
Esperança na noite do Mineirão. Vai de novo, ou não? Foi. Luan teve chance aos 19m; Douglas Santos, aos 24m, e Marion que entrara no lugar de Maicosuel, ajeitou na entrada da área, para Dátolo acertar o pé esquerdo e mandas nas redes de Paulo Vitor- Galo 3 a 1. Ainda não dava, era preciso de mais um gol. Pra dar volume, Levir trocou Josué por Donizete e colocou Dodô no lugar de Carlos. Deu certo, na base da pressão, a bola sobrou pro talismã Luan, que desviou pro canto baixo da meta de Paulo Vitor e marcou o gol da classificação: Galo 4 a 1. Mineirão em festa aguardava o final do jogo Cruzeiro e Santos que começara um pouco mais tarde, por causa da chuva intensa. Só 10m depois, o Galo conheceu seu adversário na decisão. 

FICHA TÉCNICA - ATLÉTICO 4 X 1 FLAMENGO

Atlético - Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Douglas Santos; Josué (Leandro Donizete), Dátolo, Luan e Maicosuel (Marion); Diego Tardelli e Carlos (Dodô)- Técnico: Levir Culpi
Flamengo- Paulo Victor; Leonardo Moura, Chicão, Wallace e João Paulo; Cáceres, Márcio Araújo, Canteros e Everton (Matheus); Nixon (Elton) e Eduardo da Silva - Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Gols: Everton, 33min 1ºT; Carlos, 41min 1ºT; Maicosuel, 11min 2ºT; Dátolo, 35min 2ºT; Luna, 40min 2ºT
Motivo: Jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil
Estádio: Mineirão
Data: 5 de novembro de 2014
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa/SP) e Kleber Lúcio Gil (Fifa/SC)
Cartão amarelo: Wallace, Cáceres, Everton, Elton, Márcio Araújo (FLA); Victor (ATL)
Pagantes: 41.352
Renda: R$ 4,6 milhões


ERRADO QUE DEU CERTO NA VILA FAMOSA - Eu estava entusiasmado com o início da participação do Cruzeiro no jogo contra o Santos, na Vila Belmiro. O time me parecia consciente, inteligente, jogando sem soberba e com os pés no chão. De repente, assim de supetão, uma bola é perdida por desatenção num passe errado de Ceará, e o Peixe puxa fatal contra-ataque. Robinho tenta de fora da área, a bola desviou em Egídio,  e enganou Fábio: Santos 1 a 0.

Este placar levaria a decisão entre eles para os penais, porque o Cruzeiro vencera a primeira partida , também, por 1 a 0 no Mineirão. No lance, o Cruzeiro perdeu Dedé com torção no joelho direito. Marcelo Pacote Oliveira mandou Bruno Rodrigo pro jogo. Parado há meses, havia uma certa dúvida quanto às suas condições de jogo. Bruno foi muito bem.

A  noite chuvosa se antecipava como negra para os celestes.  em que nada daria certo para o Cruzeiro. Deu ao 7m, quando Ceará chutou forte e Aranha rebateu. Presente na área, o goleador Marcelo Moreno empatou: Cruzeiro 1 x Santos 1. Nos acréscimos do primeiro tempo, o apito amigo entrou na partida, com aconteceu no jogo do Mineirão. Num cruzamento da esquerda, a bola molhada, escapou do domínio de Fábio e sobrou pra Rildo. No entanto, Léo dividiu com ele e no corpo-a-corpo, e o desconhecido árbitro Dewson, do Pará, marcou pênalti.  Gabriel cobrou e fez Santos 2 a 1. No segundo tempo, o Santos voltou com a mesma disposição e o contra-ataque ferino. Tanto que marcou o terceiro gol aos 13m, com Rildo livre pegando um cruzamento de Gabriel da direita.

Imaginando que a classificação estava garantida, o Santos começou a rebolar e a tocar a bola no gramado pesado. De repente, Robinho cai e pede substituição. Vira assistente de Enderson Moreira no banco santista. Aí desceu o espírito que a torcida quer ver no time do Cruzeiro em todos os jogos. Pacote fechou o lado esquerdo, com Egídio amarelado, colocando o paraguaio Samúdio. No meio-campo, Everton Ribeiro esgotado foi trocado por Júlio Baptista. William, um guerreiro, passou a jogar pelo meio e Ricardo Goulart caiu pelo lado direito.

Muito confiante, o Santos perdeu a bola no meio-campo. William ficou com ela, adiantou-se alguns passos e soltou a tijolada: Santos 3 x Cruzeiro 2, aos 37m, placar que já classificava os celestes. A partida subiu em emoções e o Santos saiu em busca do quarto gol. Mas, já estava pregado. O Cruzeiro ao contrário, cresceu e multiplicou-se. Na garra, na coragem e no bumba meu boi. Nos acréscimos, veio o lance que fechou o caixão santista. Chutão pra frente, a bola cai com Ricardo Goulart, num esforço supremo puxa o contra-ataque, enquanto William corre pelo meio. Goulart dá um corte em Edu Dracena e rola pra William livre, tocar no canto esquerdo de Aranha- Santos 3 x Cruzeiro 3. Os azuis passam invictos pelo Santos.

DISPUTA MINEIRA - O Cruzeiro irá disputar contra o Atlético sua sexta-feira de Copa do Brasil. As outras foram em 93, 96, 98, 2000 e 2003. Somente uma vez perdeu o título, em 98. O Atlético disputará pela primeira vez e se ganhar terá um outro título inédito, na gestão do presidente Alexandre Kalil.  Os jogos decisivos ocorrerão em 12 e 26 de novembro. Agora Cruzeiro e Atlético vão pensar apenas no Brasileiro: os azuis atrás do título pegam o Criciúma no final da semana em Beagá. O Galo irá a São Paulo enfrentar o Palmeiras, ambos os jogos pela 33ª rodada.

FICHA TÉCNICA - Santos 3 x 3 Cruzeiro 
Santos - Aranha, Cicinho, Edu Dracena, Bruno Uvini e Mena; Alison, Arouca, e Lucas Lima; Rildo, Robinho e Gabriel. Técnico: Enderson Moreira
Cruzeiro - Fábio; Ceará, Dedé (Bruno Rodrigo), Leo e Egídio (Samudio); Henrique, Lucas Silva; Everton Ribeiro (Júlio Baptista), Ricardo Goulart, Willian e Marcelo Moreno
Técnico: Marcelo Oliveira
Gols: Robinho a 1', Marcelo Moreno aos 7' e Gabriel aos 47' do primeiro tempo; Rildo aos 13', Willian aos 37' e aos 49' do segundo tempo
Motivo: semifinal da Copa do Brasil
Local: Santos-SP 
Estádio: Vila Belmiro, às 22h
Data: 5 de novembro de 2014
Árbitro: Dewson Fernando Freitas da Silva-PA
Auxiliares: Bruno Boschilia-PR e Cleriston Barretos Rios-SE
Cartões amarelos: Rildo e Lucas Lima (Santos); Willian, Egídio e Lucas Silva (Cruzeiro)


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