Nova Lima poderá ter Museu de Veículos antigos. Veja matéria do "Hoje em Dia"

                                                              

Jeferson Rios Domingues possui rádios, bicicletas e Jipes utilizados na Segunda Guerra
                                                                    Frederico Haikal/Hoje em Dia/Divulgação




Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia


Automóveis, peças e utensílios que sobreviveram ao tempo e narram curiosidades sobre os antigos donos farão parte do Museu de Objetos e Veículos Antigos (Mova), que está sendo implantado com recursos da Lei Rouanet, em Nova Lima. Guardado em quatro galpões no bairro Esplanada, região Leste de Belo Horizonte, o acervo de 8 mil itens catalogados ficará exposto em um espaço nobre de 10 mil m² no Alphaville, cedido pela prefeitura por 20 anos.

Dentre as preciosidades que serão exibidas ao público estão o primeiro modelo de televisor fabricado no mundo – o RCA Victor 1948 –, além de jipes utilizados na Segunda Guerra Mundial, na Guerra do Congo e no golpe militar de 1º de abril de 1964, que derrubou o presidente João Goulart. 

A coleção reúne jukeboxes resgatadas na outrora zona boêmia da capital, rádios, gramofones, pimballs dos anos 1950, geladeiras a querosene (dos anos 1920 e 1930), bicicletas e móveis do Palácio de Versailles, em Paris. 

“Nosso projeto propõe a construção de um complexo cultural e de entretenimento temático, para dar a uma coleção de carros e artigos antigos, reunida ao longo de quase 40 anos, uma destinação pública, educativa e cultural que melhor se traduz na forma de museu”, afirma o empresário belo-horizontino Jeferson Rios Domingues, de 68 anos, morador do bairro de Lourdes e idealizador do Instituto Cultural Artigos e Carros de Época (Icace).

Tesouros

Espalhados pelos galpões e pendurados no teto, muitos objetos resguardam a genialidade dos inventores. “O museu é o cartório de registros da história”, diz Rios, que atua na seleção, compra e restauração de peças e veículos antigos. 

Ele conserva a primeira bicicleta da Harley-Davidson, uma bomba de gasolina dos anos 1920, sinos de estação de trens, microscópio do início do século 20, relógios de parede, chopeiras feitas em pinho de riga, câmeras fotográficas, lambretas, lampiões dos tempos de escravidão, mapas e equipamentos militares dos anos 1940, como morteiro de guerra e canhão antiaéreo. 

À cata desses “tesouros”, ele esteve na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa. Circulou por várias regiões do Brasil procurando motores, maçanetas, para-choques e volantes. 

“O colecionador quer peças que são inusitadas e que ninguém tem”, justifica o bioquímico aposentado e guardião inveterado de objetos, móveis e veículos antigos. “Para quem restaura, nada se perde. Guardo tudo”. 

Jeferson Rios alugou peças para compor cenários dos filmes “O grande mentecapto” e “O menino no espelho” e da minissérie “Hilda Furacão”, ambientados em diferentes épocas da capital mineira. Segundo ele, festas de aniversário de 15 e de 60 anos costumam requisitar as antiguidades também. 

Depois de três anos de tentativas junto ao Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic), Jeferson Rios anunciou ao Hoje em Dia que o Icace foi considerado pelo Ministério da Cultura apto a captar recursos para implantação do Mova, através da Lei Federal 8.313/1991.

Mova terá dois andares e oficina para capacitar a comunidade

O projeto prevê a construção de prédio de dois pavimentos, que abrigará o museu, reserva técnica, gerenciamento de coleções, pesquisa, biblioteca, ações educativas (sala para oficinas de capacitação para estudantes e comunidade). 

No primeiro se concentram os espaços para exposições e laboratórios de conservação e restauro. No segundo piso ficam os espaços destinados às atividades de apoio técnico, administrativo e cultural.

O anexo terá restaurante temático, com mostras temporárias do acervo, exibição de filmes e apresentações musicais com repertório correspondente à época. Além disso, será criado um espaço de entretenimento com café e lanchonete, além de um hotel para carros antigos, onde os colecionadores poderão guardar seus veículos. 

Para compor o acervo do Mova, todas as peças passaram por um processo de documentação museológica com arrolamento, inventário, ficha catalográfica, banco de dados, documentação fotográfica, marcação e registro dessas. 

O Mova abrigará exposições de longa duração, temporárias e itinerantes, além de cursos, palestras, workshops e projetos que viabilizem o acesso qualificado da população à cultura e à educação. Nesse contexto serão realizadas oficinas de interação familiar, entre pais e filhos, com montagem de carros e artigos de época.

A entrada para visitação do Mova será gratuita para idosos (acima de 65 anos), crianças até 10 anos e para alunos de escolas públicas. Os demais estudantes pagarão meia entrada e o público pagará ingressos com preços acessíveis. (Com o Hoje em Dia)

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