Muro social’ se mantém na Alemanha, diz professor de ciência política da USP


                                                             
Rafael Duarte Villa argumenta que diferenças entre ricos e pobres aumentaram nos últimos 25 anos
      
A queda do muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 teve mais impactos políticos do que socioeconômicos para o mundo. Mesmo com o fim da separação entre as Alemanhas Oriental e Ocidental, as pessoas não tiveram uma melhoria significativa nas condições sociais e, pelo contrário, as diferenças entre ricos e pobres se aprofundaram. Essa é a análise do professor de ciência de política da USP Rafael Duarte Villa, que acredita na existência de um ‘moral social’ ainda hoje em Berlim.

"Um dos principais mitos após a queda do muro de Berlim foi que os dois blocos – socialista e capitalista – se aproximariam. Porém, Berlim é um símbolo de que as diferenças não desapareceram. Podemos notar isso no cotidiano: desde crenças religiosas até as diferenças socioeconômicas, ainda hoje existe uma separação entre o leste da Alemanha e o oeste. Isso é simbólico, pois justamente no lugar onde se acreditava que aconteceria o fim das diferenças, dos muros, é justamente onde os muros se mantêm", analisa Rafael Villa.

Para o pesquisador, o fim da União Soviéitca foi um choque para a esquerda em todo mundo. “Não podemos dizer que o socialismo ficou órfão com o fim da União Soviética, pois ele se recompôs em outros níveis. O exemplo mais evidente é a ascensão de governos bolivarianos na América Latina anos depois do fim da União Soviética”, diz Rafael Villa.

Outro aspecto importante a ser destacado, diz Villa, é o direcionamento da geopolítica mundial após a queda do muro de Berlim.

“Com o fim da União Soviética, se esperava pela unipolaridade dos EUA na geopolítica mundial. No entanto, o crescimento da Rússia e da China e dos chamados Brics contradiz a ideia da configuração de poder unipolar e um mundo sem concorrência”, analisa. (Com Opera Mundi)

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