Comissão de Anistia entrega à Fenaj relatório sobre jornalistas perseguidos na ditadura

                                                      
Audálio Dantas jornalista da época da resistência à ditadura

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça entregou na última quinta-feira (6/11) à Comissão da Verdade e Memória dos Jornalistas, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), uma análise sobre os jornalistas perseguidos na ditadura e anistiados. 

De acordo com a Agência Brasil, o levantamento traz a análise de 50 casos de jornalistas e retrata informações como ocupação, militância política, perseguição e trajetória dos profissionais perseguidos.

O presidente da Comissão da Memória e Verdade da Fenaj, Audálio Dantas, reforçou que o trabalho mostra que o exercício do jornalismo se tornou um risco durante o regime. "Não é o fato de serem jornalistas, mas de serem pessoas que prestaram serviços de interesse público, de levar a informação, de trazer a verdade dos fatos", ponderou.

Segundo ele, a comissão apura pelo menos duas dezenas de casos que ocasionaram em mortes de jornalistas. Ele mencionou o jornalista Jayme Amorim de Miranda, da direção do Partido Comunista Brasileiro (PCB), assassinado em uma casa de extermínio, em São Paulo, e cujo corpo nunca foi encontrado.

A vice-presidente da comissão, Sueli Bellato, ressaltou que, apesar da entidade já ter entregue uma lista com profissionais anistiados, o novo estudo detalha casos emblemáticos. "Se hoje escrevemos sem medo, é porque estas pessoas enfrentaram o regime", afirmou.

O documento aponta que os jornalistas eram "severamente vigiados". Na maioria dos casos, os profissionais eram perseguidos por sua militância política. Por conta das denúncias em reportagens e artigos, foram impedidos de exercer a profissão.

São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram boa parte das empresas, aparecem como os mais altos índices de perseguições, com 20% e 34%, respectivamente. Além disso, 10% dos casos geraram cassação de direitos políticos, 23,3% em prisão e 12,4% em tortura.

O material obtido pela entidade será digitalizado e disponibilizado para as comissões da Verdade dos Jornalistas, instaladas em outros estados. (Com a Alesc/Portal Imprensa)

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