Kremlin exige investigação sobre morte de jornalista na Ucrânia

                                                     

Klian foi atingido no abdômen perto de um quartel militar Foto: RIA Nóvost

Nikolai Litóvkin

Nesta segunda-feira (30), militares ucranianos fuzilaram ônibus com jornalistas russos. Em consequência do ataque, o cinegrafista da emissora estatal Canal Um, Anatóli Klian, foi atingido no abdômen e não resistiu aos ferimentos.


O governo russo insiste para que as autoridades de Kiev conduzam uma ampla investigação sobre a morte do cinegrafista russo, Anatóli Klian, no leste da Ucrânia. Em nota oficial, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo se referiu à ocorrência como “um novo crime das forças ucranianas” e pediu que “a imprensa do mundo inteiro reaja imediatamente”.

No instante do ataque desta segunda-feira (30), os jornalistas russos seguiam para uma das unidades do Exército ucraniano junto com um grupo de mães que estavam se preparando para levar para casa seus filhos que cumpriam serviço militar obrigatório.

Quando o ônibus se aproximava da unidade, ouviu-se tiros de alerta para o ar. Na sequência, o motorista do ônibus resolveu estacionar a 500 metros da base militar.

“Todos saíram do ônibus, a situação estava tranquila. Depois de um minuto, surgiu um sinalizador no ar. Todos correram para o ônibus e então começaram a atirar. Atiraram mirando no ônibus”, disse Evguêni Liamina, colega do cinegrafista morto, citado pela agência de notícias LifeNews.

Liamina conseguiu pular no ônibus prestes a partir, apertando-se na cabine do motorista, que, mesmo atingido por um tiro, continuou a conduzir o veículo até começar perder a consciência.

Foi somente depois da parada que o jornalista percebeu que dentro do ônibus havia mais um ferido: seu colega, Anatóli Klian, que fora gravemente ferido no abdômen.

“Nós paramos um carro que passava e o colocamos nele. Suas últimas palavras ao ser levado foram: ‘Câmera, câmera...’, querendo dizer que no ônibus estava a aparelhagem com todas as filmagens”, contou Liamina. “Os médicos disseram que ter feito tudo o que podiam, mas não foi possível salvar Anatóli.” 

O chefe da autodeclarada República de Donetsk, Aleksandr Borodai, justificou a viagem a uma unidade militar ucraniana fora organizada sem a concordância dos chefes locais, e que enviar um grupo de correspondentes e mulheres sem a proteção necessária era uma negligência criminosa. “Um desleixo que custou vidas humanas”, declarou Borodai  à agência de notícias RIA Nóvosti.

Repetição de tragédias

A morte de cinegrafista russo não é o primeiro caso em que os desdobramentos da guerra civil na Ucrânia custou a vida de jornalistas. No dia 25 de maio, Andy Rocchelli, fotógrafo italiano, e seu intérprete, Andrei Mironov, foram mortos no sul de Slaviansk. 

Além disso, o correspondente francês William Rogelon foi recentemente ferido por estilhaços, e dois correspondentes do canal Rossia-24 morreram uma barragem de morteiros na semana passada, em Lugansk.

(Com a Gazeta Russa)

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