ABI REPUDIA VIOLÊNCIA POLICIAL CONTRA JORNALISTA

                                                                          
Bruno Amorim foi detido por fotografar a operação de desocupação da Favela da Telerj, na Zona Norte do Rio (Crédito: Daniel Scelza/Estadão Conteúdo)

Daniel Scelza/Estadão Conteúdo)

O repórter do jornal O Globo Bruno Amorim foi detido nesta sexta-feira, 11 de abril, por um policial militar, quando cobria a desocupação da favela da Telerj, na Zona Norte do Rio. Durante ação, PMs agrediram fisicamente e ameaçaram de prisão os profissionais de imprensa que estavam no local.

De acordo com o relato do jornal O Globo, o policial militar, sem identificação, teria arrancado os óculos de Amorim e aplicado-lhe uma chave de braço. Após ser imobilizado, o repórter afirmou que foi filmado pelo PM, que teria dito: “Estou filmando um repórter da Globo que estava jogando pedras. Vocês mostram a nossa cara, agora estou mostrando a sua”.

Amorim teve o seu aparelho celular apreendido pela polícia por mais de uma hora e não conseguiu se comunicar com a redação. Jornalistas de outros veículos ligaram para suas chefias para noticiar a prisão de Amorim, que foi encaminhado para a 25ª DP (Rocha), sendo liberado em seguida. Bruno foi acusado de desacato, incitação à violência e resistência à prisão, mas o caso não foi registrado pela Polícia Civil.

Censura

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) manifestou preocupação com a escalada da violência que vem sendo registrada contra jornalistas, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todas as regiões do País.

— A violência reflete o desrespeito com a atividade jornalística. É inadmissível que em pleno Estado de Direito se reproduzam atos de truculência e censura contra profissionais de imprensa. Esta grave situação nos remete aos métodos de intimidação utilizados durante o regime militar, destacou Domingos Meirelles, diretor da ABI.

Desocupação

Batalhão de Choque e manifestantes entraram em confronto durante reintegração de posse do terreno (Crédito: Ale Silva/Futura Press)
Batalhão de Choque e manifestantes entraram em confronto durante reintegração de posse do terreno (Crédito: Ale
Silva/Futura Press)
A retirada dos moradores da favela da Telerj foi determinada pela Justiça como reintegração de posse do prédio de propriedade da empresa Telemar, que estava ocupado por cerca de 6 mil pessoas há 11 dias.

Aproximadamente 1.650 policiais do 3º BPM (Méier), do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque (BPChq) foram mobilizados para a retirada dos ocupantes do imóvel. A desocupação começou de forma pacífica ainda na madrugada, mas por volta das 6h45 teve início o confronto entre policiais militares e os ocupantes após a prisão de uma das líderes dos sem-teto. Os PMs utilizaram bombas de efeito moral e gás lacrimogênio para tentar controlar a situação.

Quinze ônibus foram atingidos (quatro deles, queimados), outros três veículos foram incendiados (entre eles um carro da polícia) e pelo menos três agências bancárias foram depredadas. Um supermercado foi invadido e saqueado, e um veículo de uma emissora de televisão também foi atacado.

No confronto com a PM, pelo menos 19 pessoas ficaram feridas, entre elas, 12 policiais militares e três crianças. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Maicom Gonçalves Melo, de 25 anos, um dos integrantes do protesto, perdeu o globo ocular esquerdo e está internado no Hospital Souza Aguiar, no Centro.

De acordo com a polícia, 25 pessoas foram detidas — sendo 21 suspeitos de participar do saque ao supermercado. Deles, quatro foram presos. Às 13h27, entretanto, a maioria havia sido liberada, já que não houve flagrante.


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