Cyro Siqueira que conheci

                                                                       
José Carlos Alexandre

O Cyro Siqueira que conheci era tímido. 

Muito tímido.De poucas palavras.

Só o ví eufórico, à frente de todo mundo, num show de Elizeth Cardoso numa casa de espetáculo chamada Bamp's...

Quando produzia uma Coluna Sindical no "Estado de Minas" aos domingos, não tinha contato com ele.

A coluna era entregue às sextas-feiras ao então secretário de Redação ( espécie de editor e sub-editor de hoje) Antônio Tibúrcio Henriques.

Logo após entregar o texto, ia cumprir minhas tarefas no "Diário da Tarde" , jornal-irmão do EM, embora irmão pobre, criado para aproveitar a publicidade que "sobrava" do "Estado de Minas", diziam os mais velhos jornalistas como Moacyr Andrade, o criador da seção "Alô! Alô!

Certa vez publiquei na coluna ( que saia na página dois do primeiro caderno do EM) a informação de que o professor João Camilo de Oliveira Torres substituiria o então superintendente do principal órgão da Previdência Social em Minas Gerais, Ari Balbino.

Num tempo em que não existiam as redes sociais, com a televisão ainda praticamente engatinhando, a notícia repercutiu e muito.

Na segunda-feira, chego a mesa que ocupava no "Diário da Tarde" e recebo a informação de que Cyro Siqueira queria falar comigo.

Mesmo estrando a informação vou à sala do então editor-geral do "Estado de Minas" e ele , com toda a timidez imaginável, entrega-me um bilhete que receberá do diretor-geral, jornalista Pedro Aguinaldo Fulgêncio.

 O texto era mais ou menos nestes termos: "Diga ao José Alexandre que se ele der outra notícia deste tipo vou ter de dispensá-lo de produzir a Coluna Sindical".

Recebo o recado, despeço-me do Cyro e vou cumprir minhas tarefas normais, no DT.

O professor João Camilo era muito amigo da casa, estava sempre lá, com o Pedro Aguinaldo ou com outro diretor, o Theódulo Pereira, que foi reitor da Universidade de Ouro preto.

Na Terça-feira, por volta das 13h, comecei  a fazer a via-sacra de todos os dias: sair da redação, passar na Justiça do Trabalho, na ocasião na Rua Curitiba, entre Rua Tamoios e Avenida Amazonas, e de lá passar na DRT, na Amazonas esquina com a Rua Tupinambás, para só então voltar à redação, na Rua Goiás.

Ao entrar na DRT passar pelos gabinetes do delegado Onésimo Viana de Souza, e do sub-delegado José Ferreira Pinto, sou informado de ato no mesmo prédio, na Superintendência da Previdência Social.

Nos elevadores uma movimentação fora do comum.

Ao descer do elevador a primeira pessoa que vejo é justamente Cyro Siqueira: havia ido dar um abraço em João Camilo pela sua posse como superintendente...

Em seguida, deparo com Pedro Aguinaldo Fulgêncio,que fora ao local pelo mesmo motivo do Cyro...

Todos os jornalistas que trabalhavam na assessoria de Imprensa da Superintendencia me olhando, alguns responsáveis pela tentativa de desmentir minhas informações de domingo junto a toda a imprensa mineira...

Fiz o meu trabalho, coletando informações para divulgá-las no DT...

Quanto à Coluna Sindical, ela continuou por algum tempo, depois saindo em outros cadernos que não no primeiro até que um dia deixei de produz´-la por ocupar novas funções no "Diário da Tarde".

Nem Cyro Siqueira nem o dr.Pedro Aguinaldo jamais voltaram a tocar no episódio...

Quando de nosso encontro na posse do professor João Camilo, tanto Pedro como Cyro só me cumprimentaram...

O diretor-geral com um leve sorriso que lhe era característico.

Cyro da mesma forma: com um toque de timidez...

Trabalhei ainda mais de 40 anos na empresa que produzia os dois jornais,  sem nunca me referir às pressões sofridas pelos dois principais executivos do "Estado de Minas" , a minha quase demissão da Coluna Sindical e , certamente, do jornal...

E também sem jamais revelar mnha fonte...


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