Instituto Moreira Salles enfoca os 50 anos do golpe cívico-militar

                                              
O Instituto Moreira Salles, do Rio de Janeiro, dedicará parte de sua programação anual para discutir os 50 anos do golpe militar que instalou a ditadura no Brasil. Em 1964 propõe uma imersão neste momento decisivo para o país a partir do ponto de vista de artistas e intelectuais cujos acervos estão sob a guarda do IMS ou que têm vínculos diretos com suas atividades.

Desde o dia 9 de fevereiro, é possível visitar a exposição Em 1964, que permitirá ao espectador explorar os fatos culturais do período por meio de obras marcantes da literatura, da fotografia, do cinema e da música presentes nos acervos do IMS.

A ideia de imersão se desdobra no site Em 1964. Durante todo o ano, imagens, textos de época e outros especialmente escritos para o site completarão a experiência numa espécie de túnel do tempo para o ano do golpe.

A exposição exibirá fotografias do cineasta Jorge Bodanzky, feitas em Brasília no momento do golpe militar, mas trará também fotos de Chico Albuquerque e Henri Ballot documentando o cotidiano, como feiras, supermercados e outros costumes da vida diária dos brasileiros. Outro destaque da fotografia será um ensaio inédito em espaços expositivos da fotógrafa Maureen Bisilliat sobre Iemanjá.

Monitores exibirão trechos do documentário Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, produzido em 1964 e que só pôde ser finalizado nos anos 1980 por conta da repressão militar. Em março, a Coleção DVD do Instituto Moreira Salles lançará o filme em cópia restaurada e com dois extras preparados pelo cineasta especialmente para a edição.

 A Caravana Farkas, projeto do fotógrafo Thomas Farkas que reuniu jovens cineastas para documentar a cultura popular brasileira nos anos 1960, também estará presente na exposição, com fotos da equipe e a exibição de Viramundo, documentário de Geraldo Sarno.

Uma seleção musical poderá ser ouvida e terá canções de Tom Jobim, Baden Powell, Nara Leão, Ernesto Nazareth e Radamés Gnattali. Além disso, haverá um espaço dedicado ao Zicartola, restaurante-bar comandado por Cartola e sua mulher Zica que virou sensação, tornou-se um precursor das casas de samba e apresentou pela primeira vez nomes como Paulo César Batista de Faria, o Paulinho da Viola.

O ano de 1964 também teve a publicação de dois dos livros mais importantes da escritora Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. e A legião estrangeira. Outro livro que marca o período é O braço direito, romance muito discutido e pouco lido de Otto Lara Resende, que o reescreveria pelo resto da vida. A exposição apresentará os originais, sendo os de Clarice do próprio acervo da escritora, e trará também dois datiloscritos de Otto, em que explica como teve a ideia de escrever o livro.

Outro destaque serão duas paredes dedicadas às oito capas e quarta-capas da revista pifpaf, de Millôr Fernandes. Players trarão entrevistas do programa Roda Viva comandadas por Caio Fernando Abreu e Marília Gabriela com Rachel de Queiroz, em que ela fala sobre seu apoio ao golpe militar.

A programação Em 1964 trará mensalmente à sala de cinema filmes que estavam em cartaz no Brasil naquele ano, além de ciclos de palestras e debates.
Exposição
Em 1964
Abertura: 8.02, às 18h
Exposição: de 9 de fevereiro a 23 novembro


Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Tel.: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500

De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca - Classificação livre
Visitas monitoradas para escolas: agendar pelo telefone (21) 3284-7400.

Linhas de ônibus
158 (Central-Gávea); 170 (Rodoviária-Gávea); 537 (Rocinha-Gávea); 538 (Rocinha-Botafogo); 539 (Rocinha-Leme); Ônibus executivo (frescão) Praça Mauá-Gávea

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