MOC PRESTOU HOMENAGENS A CHICO MENDES

                                     



     Na Seringueira do Parque

Hoje, 22 de dezembro de 2013, na Seringueira do Parque Municipal de Belo Horizonte foi realizado uma homenagem à Chico Mendes .

A exploração e a destruição da natureza que causou sua morte em 1988 continua avassaladora e violenta, pois segundo relatório da Global Witness e da Comissão Pastoral da Terra, o Brasil é responsável por metade dos assassinatos de pessoas mortas enquanto investigavam ou protestavam contra atividades de exploração mineral e outros recursos naturais.

É importante observar que esta tendência estatística é sintomática da competição cada vez mais acirrada por recursos naturais escassos e a brutalidade e injustiça que vem com ela, ceifando cada vez mais vidas.

Nós, do MOC.ECO não desejamos mártires, mas o mundo com sua insanidade continua a produzi-los. Então temos obrigação de reverenciá-los.

Na sequência, o texto de autoria de Frei Prudente Nery fez parte da homenagem prestada pelo MOC.ECO. 


Em reverência aos mártires de todos os tempos... 


Afinal, o que é um mártir? Um insano que ousa brincar de Deus ou um homem de fé? Um fugitivo da vida ou um testemunho da incrível esperança de que esta vida, por sagrada que seja, não é tudo nem um derradeiro absoluto? 

A nós homens, basta-nos-ia viver, isto é: nascer e crescer, dormir e acordar, comer e beber, procriar, prolongar a vida tanto quanto possível e morrer, como o fazem os bichos? Ou não se sustenta a vida humana, diferentemente dos animais, também de sonhos e esperanças, de amor e paixões, de solidariedade e fraternidade, de mais, enfim, do que apenas do bios? 

Ou seríamos, quem sabe, apenas uma massa biológica racional, isto é, animais tão só gradualmente complexificados, mas ainda e sempre apenas bichos?

É isso? Devemos, então, usar toda a capacidade de nossa razão e a força de nossa inventividade para apenas sobrevivermos e nos mantermos na vida, um dia, cem dias, um ano, cem anos? A qualquer custo? Mesmo ao preço de trair uma causa ou delatar alguém, para salvar a própria pele? 

Ainda que às custas de perjurar a própria consciência e de abjurar a própria alma? Mas de que adianta levar adiante a vida, se perde todo o resto: a honradez, o caráter, a respeitabilidade, a grandeza humana, a dignidade, a solidária compaixão?

O que é melhor, humanamente? Fugir da morte, como um desesperado? Ou afrontar o próprio fim, na frágil esperança de que a morte não é tudo? Aceitar morrer em favor da vida, ou preservar-se provisoriamente da morte, permanecendo, porém, só e estéril, para sempre? (Jo 12, 24) 

Será isso possível? Que, às vezes, ganhar a vida é perdê-la? E perder a vida é ganhá-la? (Jo 15, 5-11) Não morreremos todos, um dia, inarredavelmente? O que seria, pois, melhor? Viver e morrer por acaso, ou viver e morrer por uma causa?

Uma decisão tão suma, solitária e sagrada que a nós importa apenas aguardar e acatar em silenciosa reverência. O Cristianismo, desde seus primeiros dias, sempre acreditou que aqueles que derramam seu sangue no testemunho da fé, da esperança e da caridade, isto é, os mártires, não são prófugos, desertores ou desprezadores, mas insígnes e intrépidos defensores da vida e, por isso mesmo, santos. 

Sua morte imerecida é verdadeiramente um sacrifício redentor... não apenas para eles mesmos (batismo de sangue). Uma loucura, aos olhos do mundo... (1Cor 1, 23). Não, porém, para aqueles que crêem, para além de todas as mortes. Para esses, a vida nunca lhes é tirada, mas, contra todas as aparências, transformada e, desfeito seu corpo mortal, ser-lhes-á dado um corpo imperecível. 

Frei Prudente Nery - OFMCap  (Com o MOC)

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