ONDE ESTÃO REALMENTE OS RESTOS MORTAIS DE NESTOR VERAS? Republico este texto, na esperança de que o tema seja também objeto de trabalho da Comissão da Verdade de Minas Gerais, embora reconheça as inúmeras tarefas que tem pela frente... Mas Nestor Veras, que. conheci como Wilson, era tão suave no trato, tão empolgado nas causas em que trabalhava, a principal delas, em favor do homem do campo e todos trabalhadores em geral, que Betinho Duarte, Jurandir , Emely e mesmo o dr. Romanelli vão entender que o delegado-pastor precisa depor, assim como também o próprio Neres e Alípio Gomes Filho, os últimos a estar com Veras no dia de seu "desaparecimento". Importante também o depoimento do comerciante Oneme Vera Martins, sobrinho do membro do Comitê Central do PCB, Nestor Veras.

                                             

O dirigente comunista José Francisco Neres, sindicalista antigo, liderança incontestável da classe operária, foi o último de uma série imensa de companheiros e amigos de Nestor Veras, um dos fundadores do sindicalismo rural e dos primeiros dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, jornalista do Terra Livre e membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro, a vê-lo vivo. Esteve com Veras no dia em que ele foi sequestrado, na avenida Olegário Maciel, esquina com a Rua Tupinambás, em Belo Horizonte.

Nos últimos dias, num intenso movimento nacional pela descoberta do que aconteceu com Nestor Veras, José Francisco Neres foi um dos que depuseram sobre o desaparecimento do membro da direção nacional do PCB na Procuradoria da República, em Belo Horizonte. Prestou depoimento na sede da Procuradoria, onde se achava presente a procuradora regional dos Direitos do Cidadão, Silmara Cristina Goulart, acompanhada do analista processual Vitório Paulino de Paiva Silvestre.

Posteriormente foi lançado o livro "Memórias de uma guerra Suja", dos jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo Netto, no qual o ex-delegado do DOPS, Cláudio Guerra, informa ter visto Nestor Veras ser imensamente torturado, tanto que, com ele já agonizante, deu-lhe "tiros de misericórdia". Em entrevistas, Cláudio Guerra que se diz pastor evangélico, relatou que seu corpo foi sepultado num terreno baldio, situado na estrada de Belo Horizonte a Itabira, conforme também declarações do sobrinho de Veras, Omene Vera Martins.

José Francisco Neres é incansável na luta pelo esclarecimento de todos os crimes da ditadura e pela punição dos culpados, além como pela reparação das perdas dos que lutaram contra o movimento empresarial-militar que atormentou o Brasil de 1964 a 1985.

É secretário político do Comitê Municipal do PCB  em Belo Horizonte, cargo equivalente ao de presidente do Partido e dirigente da Associação dos Perseguidos Políticos e também dirigente da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia que está em construção na Rua Carangola, bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte.


Comentários

Anônimo disse…
Agradeço a você José Alexandre e também ao José Neres, por tudo que estão fazendo em prol de Nestor Vera, ele ainda tem duas irmãs e dois irmãos vivos, seria muito importante para nós um dia colocar um final nessa pendência que já dura por muitos anos.Ele esteve por exemplo em 15 de novembro de 1961 em BH, num congresso de camponeses reunindo cerca de 1500 pessoas, estando presente também o Presidente João Goulart e o Primeiro Ministro Tancredo Neves. No final do congresso em 17/11, João Goulart discursou para cerca de sete mil pessoas e saiu convencido que faria um reforma agrária que atenderia aos interesses nacionais. Isso está escrito no livro A Semente foi Plantada de Clifford Andrew Welch, Doutor em História da UNIFESP, dentre outras.Um homem da importância de Nestor mereceria receber atenção principalmente pelo Estado de Minas Gerais onde ele foi morto. Abraços Omene Vera Martins.