Jornalista brasileiro é preso no Egito

                                                                   

O jornalista brasileiro Hugo Bachega ficou cerca de sete horas detido no último sábado, 17 de agosto, por policiais egípcios, em meio à crise política no país. Bachega, que estava a serviço do jornal O Globo, foi detido quando deixava a Praça Ramsés, no Cairo um dos pontos de conflito no Cairo. Seu táxi foi parado numa barreira policial, e sua máquina fotográfica, apreendida.

De acordo com o representante consular do Brasil no Cairo, Álvaro de Oliveira, Bachega foi detido sob alegação de exercer ilegalmente a atividade profissional no Egito. O Itamaraty chegou a informar sobre o incidente à presidente Dilma Rousseff, que pediu à Chancelaria para entrar em contato com as autoridades locais a fim de acelerar sua soltura.

Repórter com treinamento para coberturas em zonas de conflito, Bachega havia trabalhado para a agência de notícias Reuters. Ele viajou este ano para o Egito com objetivo de estudar a língua árabe e está em processo de obtenção de permissão de trabalho. Do Cairo, passou a atuar como free lancer para empresas de comunicação, como O Globo e a Rádio France 2.

“Na saída da Praça Ramsés, o táxi foi parado num posto de controle do Exército. Viram a câmera e me levaram preso, mas fui bem tratado”, declarou o repórter, já em casa.

A prisão de Bachega ocorre num momento em que a escalada da repressão do governo interino egípcio contra a Irmandade Muçulmana e simpatizantes do presidente deposto Mohamed Mursi gera tensão para o trabalho da imprensa. Também no sábado, o repórter Patrick Kingsley, do britânico The Guardian, foi detido pela polícia, levado a uma delegacia, e liberado após algumas horas. Foi a segunda detenção do jornalista no mesmo dia, disse o jornal.

Segundo a rede de TV al-Jazeera, os repórteres Matt Bradley, do Wall Street Journal, e Alastair Beach, do The Independent, foram atacados pela multidão que estava do lado de fora da mesquita al-Fath, onde partidários de Mursi se refugiavam desde a madrugada. Os dois foram retirados do local por soldados do Exército e colocados em um veículo blindado. Bradley contou a Adam Makary, um jornalista baseado no Cairo, que estavam sendo bem tratados pelo Exército.

O correspondente David Alandete, do jornal El País, disse que as condições no Egito para a imprensa estrangeira estão “muito perigosas”. Na sexta-feira, 16 de agosto, o repórter-fotográfico do jornal Folha de S. Paulo Joel Silva foi baleado de raspão na cabeça durante a cobertura de protestos de islamitas na capital do Egito. Desde o início dos confrontos na última quarta-feira, há pelo menos quatro jornalistas entre as mais de 600 vítimas fatais.

* Com informações da Agência O Globo e portal Terra.  (Com a ABI)

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