O povo português por Abril, as troikas contra ele


                                                  
É bem provável que em 39 anos passados desde 1974 nunca se tenha verificado um tão chocante fosso entre as comemorações populares e as comemorações “oficiais” do 25 de Abril como o que ficou este ano à vista, nomeadamente na intervenção de Cavaco Silva na Assembleia da República.

Enquanto o povo nas ruas, em combativos desfiles de muitas dezenas de milhares de homens, mulheres e jovens, exigia a demissão do governo e uma nova política, na Assembleia da República os discursos da maioria e de Cavaco Silva constituíram a obstinada, cega e reaccionária reafirmação do rumo de desastre económico e social que vêm impondo ao país.

Tal oposição flagrante entre o povo e os actuais executantes das imposições da troika estrangeira indicia a outra perigosa vertente da obra destruidora que levam a cabo: o desastre económico e social, a não ser detido, conduzirá também ao desastre do regime democrático.

Para o governo e para Cavaco Silva, a lei fundamental em vigor são as imposições da troika, não a Constituição da República. O seu programa não visa o défice orçamental ou o endividamento externo, como alegam (e que a sua política agrava), mas o Portugal de Abril e o que permanece do regime democrático.

O 25 de Abril de 2013 deu a clara imagem de um confronto entre posições inconciliáveis e em acelerada agudização: entre a vontade do povo manifestada nas ruas e a obstinação destruidora das troikas e de Cavaco.

A dimensão de massa das manifestações realizadas transmite uma poderosa mensagem: com a força do povo, que é a mais genuína expressão do interesse nacional, este confronto poderá ser vencido. E poderá ser retomado o caminho de Abril.

Os Editores de odiario.info

*A ilustração que acompanha esta Nota é da autoria de José Santa Bárbara

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