Greve de fome atinge 100 presos em Guantánamo


                                                        
Dos 166 presos que estão na penitenciária militar norte-americana de Guantánamo, 100 já estão em greve de fome como parte de um protesto que começou há quase três meses para chamar a atenção sobre as condições da prisão, informou neste sábado (27/04) um porta-voz da base naval.

O número oficial foi anunciado por e-mail pelo porta-voz da base localizada em território cubano, Samuel House, e representa um aumento notável em relação ao divulgado na segunda-feira passada, quando o Pentágono reconhecia que um total de 84 presos tinham se somado ao protesto.

Várias organizações internacionais, como a ONG Center for Constitutional Rights, afirmam há dias que o número de presos em greve de fome é de pelo menos 130, mas o Pentágono rejeitou até agora essa estimativa. O porta-voz disse ainda que 20 dos detentos em greve são alimentados à força através de tubos com nutrientes líquidos, e que cinco deles estão no hospital.

Um advogado defensor de vários presos em Guantánamo, Carlos Warner, declarou na última terça-feira (23/04) à Agência Efe que metade dos que entraram em greve de fome está sendo forçada a comer. A greve começou no dia 6 de fevereiro em protesto pelas "duras condições disciplinares" nas quais vivem os presos nas instalações da base naval americana, e desde então se somaram a ela cada vez mais réus, a maioria detida no Campo 6, o maior do complexo.

Há duas semanas, as autoridades militares decidiram separar os presos do módulo 6 em celas individuais, o que acabou com um confronto entre os guardas e os presos, que "ofereceram resistência com armas improvisadas", informou o centro penitenciário. Os presos pedem às autoridades que lhes permitam entregar seus exemplares do Corão e receber outros porque, segundo eles, os atuais foram inspecionados de maneira inadequada em fevereiro. Segundo os advogados, essa concessão acabaria com a greve de maneira imediata.

Os guardas da prisão costumam fazer rondas de rotina nas celas em busca de objetos escondidos com os quais os detentos possam ferir carcereiros ou outros presos, mas são proibidos de tocar os exemplares do Corão, e normalmente são linguistas muçulmanos os que têm permissão para fazer buscas no livro sagrado do Islã.

A senadora democrata Dianne Feinstein, presidente do Comitê de Inteligência do Senado, pediu  quinta-feira à Casa Branca que seja retomado o processo de transferência dos 86 detentos de Guantánamo que já receberam o sinal verde para serem libertados. "O fato de que muitos tenham passado mais de uma década em Guantánamo e acreditem que ainda não há fim à vista para eles é uma razão para os crescentes problemas e das cada vez mais comuns greves de fome", afirmou Feinstein em carta ao conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Tom Donilon.

Até agora, o governo norte-americano citou obstáculos diplomáticos para repatriação ou transferência a outros países e a oposição do Congresso dos EUA à possibilidade de que os detentos pisem em território dos EUA como motivos para a estagnação do processo de transferência e fechamento da prisão. (Com Opera Mundi)

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