EUA-Vaticano, aliados contra a nossa América Bolivariana


                                                        
Vaticano - Aporrea - [Carlos Antón e Carlos Vélez, traduçom de J. A. Corral] No primeiro parágrafo do 18 Brumario, Marx expressa: "Hegel di em algumha parte que todos os grandes factos e personagens da história universal aparecem, coma se dixéssemos, duas vezes. Mas esqueceu-se de agregar: umha vez como tragédia e a outra como farsa".

Talvez na América Latina nos toque vivermos duas vezes (ou mais) a tragédia.

A entronizaçom do cardeal de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, como o papa Francisco, nom pode ser tomada "ainda polos cristaos católicos argentinos- com veemência chauvinista. Ao invés, o drama a que assistimos é que, mais umha vez, a maridagem CIA-Vaticano refunda-se para acometer com a sua fúria aos povos em revoluçom. A ALBA, a CELAC, a UNASUR, a revoluçom bolivariana estám na mira dos seus mísseis e da sua cruz. Como há 500 anos, a espada e a cruz contra os povos.

EUA-Vaticano, umha velha maridagem

A finais da Segunda Guerra Mundial, depois de invadir a Itália, aos EUA criou-se-lhe um problema, como reconstruir o Estado italiano ao serviço do capital. O caso é que o único sector cujo prestígio era reconhecido polo povo italiano eram os comunistas. O PCI, que ganhara as suas medalhas na luita antifascista, fora também quem ajustiçara Benito Mussolini, il Ducce. E, para complicar mais a questom, estava armado.

Daí que os ianques concebessem um plano que descansou sobre três eixos: o Vaticano, a máfia e eles mesmos. Washington proveu o dinheiro, a máfia italiana os sicários para assassinar comunistas e semear o terror e o Vaticano santificou a cruzada à vez que rearmava a velha Democracia Cristá. Eram os tempos do papa Pio XII, também conhecido como o papa-nazi.

Anos mais tarde, a fins dos anos ´70, chega ao Vaticano Joám Paulo II (1978) enquanto Ronald Reagan o fai à presidência dos EUA (1980).

A entronizaçom do cardeal polonés, foi mais um ato da Guerra Fria e da ofensiva ianque contra a Uniom Soviética e o comunismo. A aliança entre a CIA e o Opus Dei permitiu que, à morte de Paulo VI, depositassem a Karol Wojtyla -o homem que o Opus elegeu para ser papa- na "cadeira de Som Pedro". A tal ponto era um soldado fiel Karol Wojtyla, que na Vila Tevere, esquadra geral do Opus Dei em Roma baixou a rezar perante o túmulo de monsenhor Escrivá de Balaguer (criador da ordem) antes de entrar no conclave do qual sairia Papa.

A luita contra o comunismo de Joám Paulo II tivo um capítulo especial na América Latina. Por esses anos os sandinistas derrocaram ao ditador nicaraguano Anastasio Somoza, e contra todas as possibilidades da época erigírom um governo popular (1979) na Nicarágua de Sandino. No governo vermelho e preto, quatro padres católicos eram ministros. A influência da chamada igreja dos pobres, que se sustentava na Teologia da Libertaçom, cresceu pola América Central e polo resto da América Latina.

Entom o Vaticano e Washington decidírom que havia que fazer qualquer cousa.

Enquanto Reagan instalava aos contras na fronteira entre as Honduras e Nicarágua para atacar os sandinistas, o Vaticano organizou a viagem de Wojtyla à Nicarágua, como umha nova cruzada. Agora contra a heresia comunista. Muito já se escreveu sobre esses factos e deixamos aí a crónica.

Finalmente a igreja conseguiu domesticar e emudecer os padres dos pobres, enquanto um dos períodos mais reacionários do século XX se expandia sobre o planeta e sobre a América Latina. A maridagem entre os EUA e o Vaticano produzia os seus frutos.

Os povos latino americanos rebelam-se

Após a denominada Década Perdida, os povos latino-americanos retomárm a iniciativa nas luitas sociais e políticas. Pouco a pouco, tenhem-se conformando governos populares, e na Venezuela um coronel do exército chegou à presidência. Com Hugo Chávez Frias, o continente encontrou um líder revolucionário, que sintetizou os sentimentos populares, inclusive os religiosos com a teoria do socialismo. E nasceu a revoluçom bolivariana, cujo exemplo se expandiu polo continente e polo planeta.

Com altos e baixos, a revoluçom foi-se consolidando mas, a 5 de Março, sofremos um terrível golpe. Faleceu o comandante Chávez. E ainda que o povo venezuelano esteja galvanizado e se apronte para dar duras batalhas para fortalecer a revoluçom, todos fomos impactados por esta morte.

Na outra ponta do mundo, outra notícia comoveu à freguesia católica. O papa Benedito XVI, o cardeal Ratzinger (ex membro das mocidades hitlerianas nos anos ´40) renunciou ao papado.

Foi-se.

As razons ainda som motivo de especulaçom. Mas mais ali de qualquer que se poda esgrimir, o verdadeiro é que este bispo ultra conservador nom pudo suster a batalha contra os povos do Terceiro Mundo. Este mundo de indigentes e rebeldes continua tentando revoluçons.

Mudar o libreto e dar de novo

Como com Wojtyla, o Vaticano e o imperialismo jogam umha cartada forte. Hoje acabam de eleger a um papa latino-americano, argentino. Jorge Bergoglio, arcebispo da Cidade Autónoma de Buenos Aires, será o próximo em sentar na cadeira de Sam Pedro. A missom nom pode ser mais clara, a mesma que lhe encarregaram ao polaco: dar cabo dos comunistas latino-americanos.

E o novo papa tem currículo para mostrar neste caso. Pertence à ordem das jesuítas, que durante a ditadura genocida fôrom cúmplices com as sucessivas Juntas Militares e fundamentalmente colaboraram com o almirante Emílio Massera. A Bergoglio imputa-se-lhe um papel especial no operativo militar que culminou com o seqüestro dos religiosos Orlando Yorio e Francisco Jalics, em maio de 1976, que foram presos-desaparecidos durante cinco meses. Junto a eles também fôrom seqüestrados quatro catequistas e dous dos seus esposos. Entre eles estavam Mónica Candelária Mignone, filha do fundador do CELS (Centro de Estudos Legais e Sociais), Emílio Mignone, e Maria Marta Vázquez Ocampo, (filha) da presidenta das Maes da Praça de Maio. Isto foi detalhado polo jornalista Horácio Verbitsky, em dous livros e vários artigos jornalísticos.

Com a volta à democracia, e durante o governo do presidente Cristina Fernández de Kirchner, o arcebispo portenho enfrontou medidas progressistas impulsionadas polo governo nacional como o casal igualitário e o aborto terapêutico. Com respeito ao primeiro ponto expressou: "Nom sejamos ingénuos: nom se trata de umha simples luta política é a pretensom destrutiva ao plano de Deus. Nom se trata de um mero projecto legislativo (este é só o instrumento) senom de umha "movida" do pai da mentira que pretende confundir e enganar aos filhos de Deus". Ao ser regulamentado o aborto nom punível na Cidade, o entom arcebispo de Buenos Aires deu a conhecer um comunicado, expressando que "se avança premeditadamente em limitar e eliminar o valor supremo da vida e ignorar os direitos das crianças por nascer".

Entretanto, os jornalistas chauvinistas afirmam que o Bergoglio é o homem mais importante da história argentina.

Um mar de mortos separam-nos. Enquanto de um lado está a Igreja católica e o papa Francisco -cúmplices e encobridores da ditadura genocida na Argentina- do outro está o povo, a classe trabalhadora e heróis verdadeiros do tamanho do Ché, Sam Martín, Mariano Moreno, Juana Azurduy e outros tantos e tantas que luitárom por umha pátria sem opressores.

Ninguém pode enganar-se, Francisco será um papa reacionário como o que mais e o seu papel é combater aos povos latino-americanos em revoluçom. O Vaticano tomou devida conta de que Chávez e a revoluçom bolivariana nom é o cuco comunista que "fusila padres" contra o qual eles estavam habituados a combater. O chavismo -para além das crenças pessoais de cada pessoa- alcançou que o cristianismo seja visto novamente polos crentes como a religiom dos pobres, dos deserdados, dos que luitam pola sua redençom cá na terra apontando com a sua rebeldia para os poderosos e os capitalistas. Para o imperialismo e o Vaticano, isso é mais perigoso que o velho comunismo ateu ao que combateram por décadas.

Para os povos, os militantes, os revolucionários da América Latina, nom pode haver confusom. O imperialismo vem por nós, vem exterminar as revoluçons em marcha, esmagar toda a semente de rebeldia. Além da IV frota, as bases militares, a ONG desestabilizadoras, agora traz um papa abaixo do braço.

Unidade contra o imperialismo e os seus lacaios é a consigna da hora.

Viveremos e venceremos

Até o socialismo sempre

*antonfoyel@gmail.com

Traduzido para o blog Canta o merlo e para o Diário Liberdade por J. A. Corral  (Com o Diário Liberdade)

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