Retrato de uma cubana imprescindível


                                                             


• A editora Capitán San Luis lançou, na sala Nicolás Guillén, o livro “Vilma, uma vida extraordinária”. Depois, será lançado em Santiago de Cuba e no Segundo Front



Leticia Martínez Hernández

 COMO o retrato fiel de uma cubana imprescindível poderia ser o livro Vilma, una heroína extraordinária (Vilma, una vida extraordinária), obra que nos traz de volta a heroína que amou tudo o que fez, que mudou a vida de um sem-fim de pessoas em Cuba, e que demonstrou que, por trás de uma delicada mulher pode encontrar-se a mais forte das colunas.

“Esta é uma obra apaixonada”, comentou Juan Carlos Rodríguez, diretor da editora Capitan San Luis e compilador do texto, que foi lançado como parte das atividades da Feira Internacional do Livro de Havana. “O leitor vai encontrar um tesouro epistolar, com testemunhos surpreendentes. E é que Vilma foi uma narradora brilhante, seus relatos não têm palavras altissonantes ou rebuscadas, não lhes sobra nem falta nada, estão escritos com uma naturalidade que espanta”.

Esta é a carta de apresentação de um livro que tenta compilar, em 240 páginas, a vida de Vilma Espín Guillois, desde os tempos em que foi coordenadora do Movimento 26 de Julho na província de Oriente e uma das revolucionárias mais perseguidas pelos corpos repressivos da tirania; passando por seus momentos de guerrilheira insubstituível dentro do Exército Rebelde, até sua entrega total à Revolução quando, a partir de janeiro de 1959, fez da luta pela emancipação da mulher e a defesa dos direitos da infância, o sentido de sua vida.

“Lá estão — argumenta Rodríguez — suas vivências durante os 14 meses que viveu na clandestinidade mais absoluta. A maneira em que se envolveu depois nas obras de maior justiça social, como a erradicação da prostituição, o resgate de milhares de crianças que moravam nas ruas, o tratamento às camponesas, quando se criou a Escola Ana Betancourt, a fundação das creches, e muitas outras. No livro, as pessoas percebem que ela sentiu imensa paixão por cada uma das tarefas que empreendeu”.

“Os leitores vão identificar-se muito mais com nossa Vilma. Eles vão encontrar uma cubana de muita força”, a mesma que levantou sua voz em vários fóruns internacionais para advogar pela plena igualdade da mulher, para denunciar o trabalho infantil, o uso das drogas, ou a violência doméstica... Palcos todos onde sua voz inspirou o maior dos respeitos, onde muitas vezes se vestiu de novo de guerrilheira, para defender os argumentos mais justos.

“Ela é condutora de toda a história”, reconhece o compilador de Vilma, uma vida extraordinária. “Ela é a autora, nós apenas armamos o quebra-cabeças a partir de tudo o que ela tinha escrito ou de todas as coisas nas quais esteve envolvida. Da primeira página, o leitor sente que ela está relatando-lhe os fatos. A gente sente que está escutando-a”, considera Rodríguez, para quem adentrar-se no universo maravilhoso da vida desta mulher foi também reencontrar-se com o grandioso ser humano que ela foi.

A obra conta com aproximadamente mil imagens, entre fotografias e documentos testemunhais. Não só instantâneas de Vilma, senão de seus companheiros de luta e da época em que viveu.

 – Após a pesquisa que durou dois anos, o senhor chegou à conclusão de que existem muitos aspectos da vida de Vilma que não se conhecem. Que legado poderá deixar então aos mais jovens, levando em conta que poderiam ser os que menos sabem sobre ela e sua época?

“O livro é um retrato da Revolução. Nele também estão perfeitamente flagrados os crimes cometidos durante a ditadura de Fulgencio Batista. A gente chega a comover-se com a brutalidade dos órgãos repressivos em Santiago de Cuba e a coragem dos jovens revolucionários. Para a juventude de hoje é uma lição de história e de firmeza revolucionária. É, sobretudo, uma lição da obra justiceira da Revolução”.

Como escreveu no prólogo Asela de los Santos Tamayo, outra dessas grandes mulheres que fizeram história: “que este belo livro seja, nas mãos de nosso povo e, especialmente, de nossa juventude, uma nova aproximação ao conhecimento desta imprescindível mambisa do século 20; combatente das trincheiras de ideias e das trincheiras de pedras. lutadora incansável pela justiça; ser humano que nos ensinou a enfrentar a adversidade e, inclusive, a morte; assistida sempre por duas grandes forças que sustentaram e animaram sua preciosa vida: o amor e a ética”.

Estas páginas são testemunhas, também, da lealdade de Vilma ao comandante-em-chefe Fidel Castro, fundada durante a luta revolucionária e consolidada durante mais de 50 anos de trabalho em parceria. Foi precisamente ele que, em dezembro de 2001, colocou no peito de Vilma o título honorífico de Heroína da República de Cuba, o melhor tributo a seu trabalho incansável.

Além de narrar cada uma das batalhas nas quais se envolveu esta cubana imprescindível, o livro guarda a cumplicidade do amor que nasceu entre ela e Raúl, dos tempos em que eram dois jovens guerrilheiros. Em suas letras e imagens se guardam momentos que viveram juntos, enquanto construíam uma Cuba diferente. E é que Vilma, una vida extraordinária retrata a mulher que lutou com as mesmas forças com que amou.(Com o Granma)


Comentários