Sábado da Resistência lembra Antonio Benetazzo

Xilogravura de Claudio Tozzi e Antonio Benetazzo para a UNE em 1968

                                            
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria da Cultura
Memorial da Resistência de São Paulo
Nucleo de Preservação da Memória Politica

SÁBADO RESISTENTE 
Dia 27 de outubro de 2012, das 14h às 17h30


40 ANOS SEM ANTONIO BENETAZZO

Este Sábado Resistente prestará uma justa homenagem a Antonio Benetazzo, que nascido na Itália, tornou-se um líder estudantil com atuação destacada não só na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), como em toda a Universidade de São Paulo durante os anos da ditadura. 

Benê, como se tornou conhecido entre seus amigos e companheiros, integrou a organização clandestina MOLIPO (cujos integrantes foram barbaramente assassinados pela repressão) e foi um líder revolucionário, um professor destacado de História da Arte e um artista plástico que produziu obras significativas mesmo durante a luta clandestina. Foi um amigo e um companheiro sensível, que permaneceu forte e íntegro até seu último instante de vida. Sua história de vida é muito maior do que uma biografia pode contar.

Para prestar esta homenagem, o Núcleo de Preservação da Memória Política e o Memorial da Resistência reunirão amigos e companheiros de Benê dos tempos de adolescência em Caraguatatuba, de Mogi das Cruzes, da FAU, da Faculdade de Filosofia, do Cursinho Pré-USP, do Cursinho Universitário, do mundo das Artes Plásticas, da ALN, do Grupo dos 28 da Ilha, do MOLIPO e de todos os que acreditam que devemos lembrar com orgulho de nossos companheiros combatentes da luta contra a ditadura.

PROGRAMAÇÃO

14 horas 
Boas vindas - Kátia Felipini (Coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo)
Coordenação - Alípio Freire (amigo e companheiro de Antonio Benetazzo - Núcleo de Preservação da Memória Política)

14h30
Apresentação de vídeo sobre Antonio Benetazzo

14h45 
PALESTRA
Itália Benetazzo - Irmã de Antonio Benetazzo
Rose Mary Telles Souza - Coordenadora do grupo de pesquisa sobre Antonio Benetazzo com alunos de Caraguatatuba
Ana Corbusier - Amiga e companheira de luta
Renato Martinelli - Militante da ALN e companheiro de luta
Cida Horta - Companheira de luta e viúva
16 horas
Debate com o público

Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964.
Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.

ANTONIO BENETAZZO
Dirigente do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).
Nasceu em 01 de novembro de 1941, em Verona, na Itália, filho de Pietro Benetazzo
e Giuleta Squazzordo Benetazzo.
Morto aos 31 anos de idade.
Mudou-se para o Brasil quando ainda menino. Desde cedo, sentiu-se imbuído pelo
sentimento anti-fascista de seus pais, sentimento que marcou toda uma geração que
conheceu os horrores do nazi-fascismo europeu, fazendo com que, desde a adolescência,
participasse dos movimentos populares no Brasil.
No período que precedeu o golpe militar de 1964, teve, como estudante secundarista
e já integrante do PCB, destacada atuação nos movimentos culturais e políticos,
principalmente naqueles promovidos pelo Centro Popular de Cultura da UNE.
Redator do jornal Imprensa Popular, órgão oficial do MOLIPO.
Estudante de Filosofia e de Arquitetura da Universidade de São Paulo. Presidente do
Centro Acadêmico do Curso de Filosofia e professor de História.
Como professor de cursos de preparação para vestibulares universitários, Benetazzo
procurava transmitir a seus alunos uma visão crítica da História e da realidade.
Em 1967, desligou-se do PCB, passando a militar na ALN. Participou do 30°
Congresso da UNE, em Ibiúna, em 1968. Em julho de 1969 deixou a Universidade e as
escolas em que lecionava e foi viver na clandestinidade. Foi a Cuba e voltou, em 1971,
integrado ao MOLIPO.
Preso no dia 28 de outubro de 1972 e levado imediatamente para o DOI/CODI-SP.
Durante os dias 28 e 29 de outubro, Benetazzo foi torturado ininterruptamente e, no
fim do dia 30, morreu em conseqüência de tão bárbaros sofrimentos.
No dia 2 de novembro, os jornais paulistas publicavam nota oficial, divulgada pelos
órgãos de segurança, fazendo crer que Benetazzo teria falado de um suposto encontro com
companheiros na Rua João Boemer, no bairro do Brás, São Paulo, e que lá chegando, teria
tentado a fuga, sendo atropelado e morto por um pesado caminhão.
Assinam o laudo necroscópico confirmando o atropelamento, os médicos legistas
Isaac Abramovitch e Orlando J. Brandão.
Tal versão é desmascarada por vários testemunhos de presos políticos que se
encontravam no DOI-CODI/SP na época da prisão e assassinato de Benetazzo, que
afirmam ter ele sido torturado até a morte.
Outro fato de relevância no desmascaramento da nota oficial é a inexistência de qualquer
acidente no dia, hora e lugar do suposto atropelamento a que se refere a versão dos órgãos de
segurança responsáveis pelo seu assassinato. Os relatórios dos Ministérios da Marinha e
Aeronáutica continuam confirmando a falsa versão de morte por atropelamento, enquanto que o
Relatório do Exército, em cujas dependências Benetazzo morreu, diz não ter registros a respeito
de seu destino.
Teve sua prisão decretada em 16 de janeiro de 1973 pela 2ª Auditoria, depois de estar
morto.
Enterrado no Cemitério de Perus como indigente, sendo trasladado mais tarde por
seus familiares.

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