Saúde britânica estuda exportar hospitais para o Brasil

                                               

 Para críticos, a medida pode ajudar a sucatear o sistema 
 de saúde britânico, símbolo do estado de bem-estar social

                                       
O NHS (National Health System), ou sistema de saúde britânico, símbolo do Estado de bem-estar social no Reino Unido, estuda “exportar” sua marca para outros países, como Brasil, China, Líbia, Índia e nações do golfo pérsico. O plano de expansão, elaborado pelo governo britânico, deve ser lançado nos próximos meses, segundo o jornal The Independent

O eventual lucro dos “postos avançados” da NHS no exterior é considerado uma alternativa para conter a crise no setor de saúde britânico, que sofre com cortes em seu orçamento e tenta economizar 60 bilhões de reais anuais. O Reino Unido está em sua mais longa recessão em 50 anos, atingido pela crise na zona do euro, e vê distante uma solução para melhoras na economia do bloco.

O governo britânico, segundo o jornal, quer usar nomes de hospitais famosos, como o Great Ormond Street, com excelência em saúde infantil, e o Royal Marsden (foto), especializado em combate ao câncer, para “atrair”, por exemplo, pacientes brasileiros que precisem de tratamento. Não foi detalhado quais cidades seriam foco da investida britânica. 

A marca NHS foi explorada durante a abertura dos Jogos Olímpicos, há menos de um mês. A cerimônia apresentou a revolução industrial britânica e, entre as principais mudanças, um enorme símbolo do sistema de saúde britânico foi desenhado no centro do Estádio Olímpico, como motivo de orgulho para o Reino Unido.

A iniciativa tenta repetir o modelo de negócio norte-americano, como o das clínicas privadas Mayo e dos hospitais John Hopkins, que expandiram suas marcas para o exterior, conforme mostrou o jornal The Guardian. No entanto, com um sistema em crise, críticos da expansão da marca NHS acreditam que o esforço não passa de uma “distração” para o sucateamento da saúde britânica.

“Essa é uma boa novidade para os pacientes do NHS, que terão melhores serviços em seus hospitais locais como resultado do trabalho da NHS no exterior e do investimento extra que vai ser gerado”, afirmou a ministra da Saúde, Anne Milton. “É também uma boa notícia para a economia, que vai se beneficiar de mais empregos e renda criada pela nossa bem-sucedida indústria científica assim que conseguirem mais negócios pelo mundo.”

A presidente da Associação de Pacientes britânicos, Katherine Murphy, tem uma visão diferente. “O princípio do NHS é a garantia de que resultados e a saúde dos pacientes venham antes do lucro”, disse ao jornal The Independent. “A prioridade do governo, dos investidores e médicos deveria ser os pacientes do sistema.” (Com o Opera Mundi)

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