Até o Vaticano se mexe:fome no mundo, tentando convencer os monopólios agrários a acabar com a especulação nos mercados


                                                        
Dados da ONU indicam que 800 milhões de pessoas vivem famintas ou subnutridas e o pior é que este número tende a aumentar em torno de quatro milhões a cada ano


O Vaticano aderiu a apelos a convocar uma cúpula extraordinária do G 20 para discutir problemas alimentares do mundo. Como declarou o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, arcebispo Silvano Tomasi, este encontro deve ser efetuado ainda antes do fim do ano.
O tema principal é a estabilização dos preços dos artigos alimentícios e a obrigação dos monopólios agrários de deixar de especular nos mercados.

A Santa Sé intervém raras vezes na economia, mas a fome também a preocupa. Hoje se torna evidente que mais uma crise alimentar ameaça o mundo, tal como há quatro anos. Na altura, as revoltas da fome atingiram 30 países.

Uma forte seca nos Estados Unidos e a intempérie na Ásia levaram a uma redução da colheita de cereais e, em resultado, a uma subida brusca dos preços de todos os artigos alimentares sem exceção. Segundo os cálculos do Programa Alimentar da ONU, o número de famintos no planeta aumentará no fim do ano em 53 milhões de pessoas.

A próxima crise não é a primeira e, pelos vistos, não é a última. Ainda durante a crise dos preços de 2008, os peritos advertiam que é necessário quebrar o sistema. No caso contrário, os problemas passarão para a “profundidade” e, saindo daí, tornar-se-ão mais maduros. É isso que acontece agora.

Vladimir Kvint, chefe da cátedra de estratégia financeira da Universidade de Moscou, afirma que a subida dos preços dos artigos alimentares tem causas objetivas. O perito considera que o apelo do Vaticano é bastante atual:

“O Vaticano coloca uma questão justa. Por outro lado, a maioria das estruturas da ONU tornou-se obsoleta. Fala-se disso durante muito tempo, mas nos últimos dez anos nada foi feito praticamente. Tais organizações internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional devem continuar as reformas que, diferentemente da ONU, já começaram nestas entidades. Nestas reformas, é necessário dispensar mais atenção aos fornecimentos de víveres e ao aumento de salários nas esferas ligadas à saúde pública.”

Propriamente dito, a questão é muito simples. Para que o mundo precisa do modelo de mercados alimentares, em que 800 milhões de pessoas vivem permanentemente em fome ou alimentação insuficiente? Segundo os prognósticos da ONU, o seu número aumentará em quatro milhões de pessoas a cada ano. Naturalmente, os Estados Unidos e a Europa não enfrentam tal ameaça.

Há muitas causas da subida dos preços: são especulações no mercado, a superpovoação, o aquecimento global e a estrutura formada do mercado alimentar.

Vivemos numa época do aquecimento especulativo dos preços das principais matérias-primas e dos artigos alimentares. A maioria dos centros de emissão continua a imprimir dinheiro na Europa para superar a crise e a massa monetária puxa os preços para cima. Mas este é um fator local. É mais importante que o consumidor começou a comer mais carne. Mas, para aumentar a produção de artigos de carne, é necessário aumentar também a produção de cereais.

Entretanto, o Instituto Internacional da Água advertiu que dentro de 40 anos teremos de ser, como tudo indica, vegetarianos. A Terra terá em 2 bilhões de habitantes a mais. O planeta, simplesmente, não irá dispor de recursos aquáticos necessários para proporcionar carne a todos. (Com a Voz da Rússia)

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