Protesto contra suposto 
torturador de Mário Alves



Representantes da Articulação Nacional Pela Memória, Verdade e Justiça e de movimentos sociais presentes na Cúpula dos Povos, dentre os quais Via Campesina e Levante Popular da Juventude, realizaram na manhã desta terça-feira, dia 19, uma manifestação em frente à residência de Dulene Aleixo Garcez dos Reis, em Botafogo, zona sul do Rio. 

Dulene, que ocupou o posto de capitão de infantaria do Exército em 1970, é acusado de participação na sessão de tortura do jornalista Mário Alves de Souza Vieira, no dia 17 de janeiro de 1970, nas dependências do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, onde funcionava o DOI-Codi. 

Mário Alves foi barbaramente torturado, incluindo o esfolamento da pele com escova de arame e o empalamento com um cassetete de madeira com estrias de ferro, que lhe causou perfuração do intestino, hemorragia interna e óbito.

Em 21 de outubro de 1981, a Juíza Tânia de Melo Heine, da Primeira Vara Federal, responsabilizou a União pelo seqüestro, tortura, morte e ocultação do cadáver do jornalista: “Mário Alves de Souza Vieira faleceu em conseqüência de maus tratos sofridos nas dependências do DOI-CODI”.

Foi o primeiro caso de reconhecimento na Justiça da prisão e morte de um desaparecido político. Os herdeiros da determinação de Mário Alves continuam buscando os restos mortais do jornalista. Em dezembro de 1987, o Tribunal Federal de Recursos confirmou a sentença da Juíza Tânia Heine e responsabilizou a União pelo assassinato de Mário Alves nas dependências do DOI-Codi. 

Centenas de pessoas participaram da manifestação que interrompeu parcialmente o trânsito nas imediações. 

"Esse é apenas mais um. Vamos continuar denunciando os torturadores e lutando pela Justiça até que sejam todos eles julgados. Não temeremos isso, pois quem deve ter medo da verdade são os assassinos dos nossos heróis, assassinos da nossa história", ressaltou a organização durante o protesto, no qual os manifestantes entoaram os versos "Eu só quero ser feliz, /podendo conhecer a História do Pais, / e poder me orgulhar, / de acabar com a impunidade do regime militar", parodiando o rap "Eu só quero é ser feliz", de Cidinho e Doca. (Com a ABI) 

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