A versão de Nelson Jobim é diferente da de "Veja"
                             
Ministros do STJ não se 
submeterão a pressões

Três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) afirmaram que a Corte não se submeterá a pressões, seja de quem for, para alterar o rumo do julgamento do caso do mensalão, que ainda depende do relatório do ministro revisor Ricardo Lewandowski para ter a data marcada. Segundo reportagem da revista “Veja” desta semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou ministros do STF para tentar adiar o julgamento, com o argumento de que “seria mais correto esperar passar as eleições municipais de outubro”. Em encontro com Gilmar Mendes, Lula teria dito que possui o controle da CPI do Cachoeira. Ele teria oferecido proteção ao ministro.

O presidente do STF, ministro Carlos Ayres Brito, disse que o julgamento do mensalão não pode ser postergado. “A sociedade quer o julgamento, quer que o Supremo julgue. Não estou precipitando nada ou pré-julgando ninguém.”

A reportagem da revista relata um encontro que Gilmar Mendes teve com Lula no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, no dia 26 de abril. Segundo a publicação, durante o encontro Lula relatou boatos sobre uma suposta viagem que Mendes teria feito com o senador Demóstenes Torres a Berlim, paga pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Em entrevista à “Veja”, Gilmar Mendes manifestou sua contrariedade com o episódio: “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”, disse ele.

Conforme a “Veja”, na semana passada Gilmar Mendes comunicou a Ayres Britto o teor da conversa que tivera com Lula. Ayres, que havia conversado com o ex-presidente uma semana antes, disse à revista que, depois do relato de Mendes, acendeu uma “luz amarela” porque Lula perguntara na conversa entre os dois sobre o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello — amigo de ambos — e emendou com o convite. “Qualquer dia desses a gente toma um vinho”, teria dito o ex-presidente.

Ayres Brito sustentou, porém, que não viu malícia na fala de Lula e não tem elementos para acreditar que ele tivesse intenção de influenciar o STF. 


O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim afirmou no sábado 26 que o encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lua da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes aconteceu na sala de seu escritório e que em momento algum os dois ficaram sozinhos para tratar de assuntos que não fossem questões “genéricas”.

A versão desmente a conversa relatada por Gilmar Mendes à revista "Veja" segundo a qual, em conversa reservada, Lula sugeriu ao ministro do STF ajuda na CPI do Cachoeira em troca de apoio para adiar o julgamento do mensalão.

O encontro teria acontecido no escritório de Jobim. No sábado, ao ser questionado pelo jornal "O Estado de S.Paulo" sobre o episódio, o também ex-ministro do STF reagiu: “O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão.”

Segundo o jornal, Jobim disse, sem entrar em detalhes, que em nenhum momento Gilmar e o ex-presidente estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do escritório, como relatou revista. ”Tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu antes, durante todo o tempo nós ficamos juntos.”.

Acuada pelas suspeitas de ter servido aos interesses da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, por  meio de reportagens a exaltar comparsas como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e atacar grupos rivais, "Veja" decidiu nesta semana usar uma possível ingerência o ex-presidente Lula no caso para tentar reforçar sua tese de que a CPI do Cachoeira servirá para “abafar” o julgamento do mensalão. O elo desta vez foi justamente Gilmar Mendes, ministro de quem a proximidade com Demóstenes é pública e notória – e que, como se sabe, não poderia sozinho adiar julgamento algum. (Com Google Notícias/Carta Capital)

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